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Como vão as fabricantes automóveis evitar multas por emissões?

Adiamento de matrícula de veículos elétricos, lançamento de novos modelos e aposta em mo tores de combustão interna mais eficientes. Estas são algumas das estratégias das fabri cantes para evitar multas na União Europeia em 2020 se excederem os níveis de emissões de CO2.

Fabian Bimmer/Reuters
08 de Janeiro de 2020 às 09:00
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Em 2020 as fabricantes automóveis terão de garantir que as emissões médias de dióxido de carbono (CO2) dos automóveis ligeiros vendidos na União Europeia não excedem os 95 gramas por quilómetro, sob pena de suportarem pesadas multas. As estratégias adotadas para alcançar estes objetivos são variadas, mas quase todos os fabricantes apostam em veículos 100% elétricos ou híbridos plug-in para reduzir as emissões.

Ainda assim, este ano os fabricantes contam com algumas "facilidades" para evitar penalizações financeiras. Desde logo, são excluídos do cálculo da média de emissões de cada grupo os 5% de veículos mais poluentes.

Adicionalmente, existem os chamados "supercréditos" para os veículos de baixas emissões. Este mecanismo leva a que os automóveis com emissões inferiores a 50 gramas por quilómetro sejam contabilizados duas vezes para efeito de cálculo das emissões médias de cada fabricante. Estes supercréditos serão de 1,66 vezes em 2021 e de 1,33 vezes em 2022, último ano em que vigoram.

Por último, os fabricantes podem também beneficiar dos créditos por inovações tecnológicas, que podem ascender a um crédito de sete gramas por ano. Entre as inovações abrangidas contam-se o uso de luzes LED e alternadores mais eficientes .

Florent Grelier, da Federação Europeia de Transportes e Meio Ambiente (T&E), que agrega várias organizações não governamentais, diz ao Negócios que, com esta flexibilidade concedida, "os fabricantes deverão acabar por cumprir os limites".

Marcas adiaram carros elétricos, dizem analistas

Nenhum dos grupos automóveis assume ter adiado para 2020 o lançamento de modelos elétricos, mas os especialistas ouvidos pelo Negócios consideram que esta foi uma estratégia seguida.

"Os fabricantes adiaram o lançamento de carros de baixas emissões para 2020, até porque não tinham nenhum incentivo para o fazer em 2019", resume ao Negócios Gaetan Toulemonde, analista financeiro do Deutsche Bank.

A maioria dos fabricantes adiou deliberadamente o lançamento de novos modelos de automóveis elétricos e híbridos plug-in para 2020. Florent Grelier
Federação Europeia de Transportes e Meio Ambiente (T&E)


Já Florent Grelier afirma que "a maioria dos fabricantes adiou deliberadamente o lançamento de carros elétricos e híbridos para 2020". E cita o caso de uma construtora automóvel que terá pedido aos concessionários em Espanha que adiassem o registo de novos veículos elétricos para janeiro deste ano. O Negócios tentou confirmar essa informação junto da fabricante mas não obteve resposta.

Também Denis Schemoul, da IHS Automotive, refere ao Negócios que vários modelos elétricos lançados em 2019 viram as suas entregas atrasadas. E frisa que os fabricantes terão de recorrer a "vendas táticas para aumentar o número de matrículas de automóveis elétricos".

Outra das "armas" a que alguns grupos automóveis poderão recorrer é a venda de carros elétricos ou híbridos plug-in aos seus colaboradores, incentivados pelo desconto para funcionários (em média de 22%), indica ao Negócios Matthias Schmidt, analista automóvel sediado em Berlim.

Os grupos que deverão sentir mais dificuldades para cumprir as metas são a BMW e a Daimler, mas Schmidt acredita que evitarão multas graças ao lançamento de versões híbridas com preços pouco acima dos veículos convencionais e a otimização dos supercréditos. A FCA era apontada como vulnerável, mas o acordo com a Tesla resolve "para já" o problema, embora com um custo económico que não é suportável a médio prazo, acrescenta.


O que está em jogo em 2020?

Este ano, os fabricantes automóveis terão de registar um valor médio de emissões de todos os automóveis ligeiros de passageiros vendidos na UE abaixo dos 95 gramas de dióxido de carbono por quilómetro. No entanto, serão excluídos do cálculo da média os 5% de veículos mais poluentes vendidos por cada fabricante. A multa a aplicar é de 95 euros por cada veículo vendido. E são vários os grupos automóveis que se encontravam distantes da fasquia de emissões de 95 g/km no final de 2018. O grupo Fiat Chrysler Automobile (FCA) e a Daimler são alguns dos fabricantes que deverão sentir maiores dificuldades para cumprir as metas. Aliás a FCA assumiu isso mesmo quando estabeleceu um acordo com a Tesla para comprar créditos de emissões. As maiores multas, contudo, poderão caber à Volkswagen.




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