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Acordo para diesel na Alemanha é apenas “o primeiro passo”
A questão está longe de reunir consenso, sobretudo porque se aproximam as eleições na Alemanha. As fabricantes alemãs estão dispostas a corrigir 5,3 milhões de carros a gasóleo. Poucos concordam ser suficiente.
O acordo atingido na Alemanha para o diesel, com os fabricante automóveis a comprometer-se rever os níveis de emissões em 5,3 milhões de carros, pode não ser suficiente.
Depois de anunciado, as críticas têm-se vindo a fazer sentir, em várias frentes. A primeira, e mais esperada, é a dos ambientalistas, que consideram que o plano peca por ser "reduzido e tardia", escreve a agência Bloomberg.
As associações ouvidas admitem avançar com acções legais para proibir a circulação destes veículos poluentes, acusando o Governo de não fazer o suficiente.
É precisamente no seio do executivo de Angela Merkel que as opiniões também se dividem. Para o ministro da Justiça Heiko Mass e para a ministra do Ambiente Barbara Hendricks este é só o "primeiro passo". Nenhum descarta que as proibições de veículos diesel – como está previsto gradualmente em França e no Reino Unido – venham a avançar.
Também o ministro dos Transportes, Alexander Dobrindt, citado pela Reuters, se juntou ao debate para considerar "completamente inaceitável" o facto de outras fabricantes automóveis estrangeiras não se terem juntado ao pacto que une Volkswagen, Daimler (dona da Mercedes) e BMW.
A Reuters fala em custos superiores a 500 milhões de euros nas correcções. No plano acordado esta quarta-feira, 2 de Agosto, ficou também prevista a criação de um fundo para o incentivo à troca de carros mais antigos onde essa correcção do "software" não é possível.
Numa altura em que se aproximam as eleições nacionais na Alemanha, o executivo é acusado de colocar em segundo plano este problema através do acordo encontrado – como uma forma de não irritar 15 milhões de proprietários de carros com motores diesel e a própria indústria automóvel, o motor da sua economia e exportações, gerando quase um milhão de postos de trabalho.
"Neste jogo, só há perdedores", considera o director do Centro de Pesquisa Automóvel da Universidade de Duisburg-Essen’s, Ferdinand Dudenhoeffer, classificando esta decisão como um placebo que remove o polémico tema da agenda eleitoral.
A questão das emissões poluentes ganhou escala depois de, no final de 2015, ter sido descoberto que o grupo Volskwagen tinha manipulado estes níveis, conseguindo enganar os testes de laboratório e manchando a reputação de toda a indústria.