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Fornecedor de vinho do Porto da coroa britânica teme Brexit

A família de Adrian Bridge vende vinho do Porto, produzido no norte de Portugal, ao Reino Unido há mais de 300 anos. Agora, o Brexit lança nuvens sobre o vinho que simboliza as ligações do Reino Unido com um dos seus mais antigos aliados.

Paulo Duarte/Negócios
26 de Maio de 2018 às 17:00
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O Reino Unido é um dos maiores consumidores mundiais de vinho do Porto - um vinho fortificado, na maior parte das vezes tinto e doce, produzido em vinhedos do Vale do Douro muitas vezes administrados por famílias com ascendência britânica. No ano passado, uma das marcas de Bridge, a Taylor’s Port, recebeu um selo real que a nomeia fornecedora da rainha Isabel II.

 

"Vimos guerras, vimos crises, vimos de tudo e acho que temos que colocar o Brexit no contexto", afirmou Adrian Bridge, de 55 anos. "Se estou optimista de que resolveremos a questão de alguma forma? Sim. Se estou preocupado? Sim."

 

As ligações do vinho do Porto ao Reino Unido estão espalhadas pela região, com nomes como Taylor’s, Croft e Graham’s exibidos sobre as adegas em Vila Nova de Gaia, na margem sul do Douro.

 

Durante séculos o Reino Unido dependeu da importação de vinhos de países como Portugal e como o produto muitas vezes não sobrevivia à viagem pelo mar, o vinho português foi fortificado com conhaque para preservar a sua qualidade. Um punhado de famílias britânicas mudou-se para a região para produzir e embarcar vinho do Porto para o seu país natal e o Reino Unido continua a ser fundamental para estas famílias e para a região como um todo.

 

Salto para o rio

Os turistas britânicos inundam cidades como o Porto a cada Verão. Lá, encontram grupos de crianças que ficam de pé à beira de uma ponte sobre o rio Douro pedindo apenas um euro para mergulhar na água fria e escura abaixo delas. O salto de 20 metros é uma tradição passada de geração a geração.

 

"Existe o risco de os negócios serem afectados", afirmou Paulo Afonso, de 82 anos, que vende souvenirs em frente a uma loja de vinho do Porto frente ao rio. "Todos vão perder com esta situação."

 

Nos banquetes de Estado organizados pela rainha Isabel II, os vinhos do Porto da Symington Family Estates têm sido usados para brindar e o director de operações teme que a vinícola possa ser vítima de uma batalha comercial inspirada no Brexit.

 

O vinho "não é um bem absolutamente essencial para as vidas das pessoas e o seu uso como arma teria um impacto muito significativo", afirmou António Filipe. "Ele pode perfeitamente ser substituído por vinhos dos países da Commonwealth."

 

Impostos sobre o álcool

Segundo as regras da Organização Mundial do Comércio, há poucas probabilidades de que sejam aplicadas tarifas ao vinho do Porto. Ainda assim, o Reino Unido poderia aplicar novos requisitos para rotulagem ou elevar os impostos sobre o álcool como parte de uma "retaliação" numa separação possivelmente conflituosa com a União Europeia, disse António Filipe.

 

Além disso, a UE protege o vinho do Porto, assim como o champanhe francês e o presunto parma italiano - só o produto de Portugal pode ser rotulado como vinho do Porto. A preocupação é saber se o produto continuará a ter esta protecção no Reino Unido após o Brexit.

(Texto original: Queen's Port Supplier Feels Chill Wind of Brexit in Vineyards)

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