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Temer leva embaixadores a churrasco após escândalo "Carne Fraca"

A tentativa de sossegar os importadores chega depois da operação policial que detectou o pagamento de subornos de exportadores de carne a inspectores para validarem carne deteriorada, bem como a adulteração química de produtos.

19 de Março de 2017 às 22:59
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O presidente brasileiro escolheu um local simbólico para tentar garantir, junto de representantes de países da União Europeia e do Canadá, além da China e Angola, a qualidade e segurança da carne brasileira depois de conhecidas notícias de fraude relacionadas com este produto.

De acordo com o Estado de São Paulo e com a Bloomberg, Michel Temer levou a jantar este domingo cerca de duas dezenas de embaixadores e representantes de países compradores a uma churrasqueira na capital brasileira, logo a seguir à terceira reunião levada a cabo para analisar a denúncia de más condições de controlo da carne produzida no Brasil.

Em causa está uma operação da Polícia Federal, na sexta-feira passada, que detectou o pagamento de subornos dos exportadores de carne aos inspectores, na sequência dos quais carne estragada era validada como estando em boas condições e enviada para venda e exportação. Também terá havido casos de produto adulterado quimicamente.

A situação verificou-se junto de 21 operadores, entre os quais a JBS e a BRF, e Temer garantiu que vai acelerar a auditoria a estas instalações, que estarão também disponíveis para serem inspeccionadas pelos importadores.

"O Ministério da Agricultura tem rigoroso serviço de inspecção. Esse padrão de excelência abriu as portas para mais de 150 países," afirmou o presidente, citado pelo Estado de São Paulo, referindo ainda que em 853 mil envios de carne feitos o ano passado só 184 foram consideradas desconformes, nomeadamente por problemas de rotulagem. O governo sustenta que este é um caso preocupante do ponto de vista criminal e de corrupção mas que os riscos sanitários referidos "não representam um risco para consumidores ou exportações."

Seis das 21 entidades onde foi detectada a existência de produto estragado exportaram nos últimos dias, acrescentou o chefe de Estado.  "As pessoas não querem mais comprar carne. Falta explicação para todos", alertou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal.

Temer jantou com 19 embaixadores num rodízio e ficou sentado entre os diplomatas angolano e chinês (maior mercado de exportação para a carne brasileira), avança a Bloomberg. As autoridades europeias – segundo maior mercado - estão atentas ao caso e pediram mais explicações a Brasília, pese embora não tenham encontrado irregularidades nos certificados de importação desde 2015. O Estado de São Paulo refere ainda que China e EUA também pediram explicações.

Até ao momento não terá havido cancelamento de contratos de compra de carne ao Brasil. Há 33 empregados sob investigação na operação "Carne Fraca" e um dos directores da BRF, Roney Nogueira dos Santos, foi detido. Há três contentores desta empresa com carne com salmonela a caminho da Europa, precisa a Bloomberg.

Tal como a BRF, a JBS negou as acusações de venda de carne estragada. As acções da BRF afundaram mais de 7% na sessão de sexta-feira, enquanto o tombo da JBS foi de 11%.

O sector brasileiro da carne exporta, por ano, 12 mil milhões de dólares de mercadoria, de acordo com a Reuters. "Não podemos andar a brincar com a comida," afirmou o embaixador suíço no Brasil, André Regli, considerando "preocupantes" os problemas conhecidos.

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