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Crescente procura de uísque japonês leva agricultores a trocarem arroz pela cevada
Em 2008, na China, era visível o desaparecimento de campos orizícolas, que estavam a ser transformados em terrenos para construção de apartamentos, fábricas e estradas. Agora, no Japão, também muitos agricultores estão a abrir mão deste cereal, em prol da cevada, de olhos postos no uísque.
No Japão, com a popularidade do uísque a aumentar, as destilarias do país não têm mãos a medir. E nem os 100.000 ienes por garrafa (808 euros) afastam os compradores desta bebida, que são cada vez mais.
O problema, sublinha a agência Bloomberg, está no tempo que demora a destilar. Isso significa que a oferta não está a conseguir atender à crescente procura. Mas há cada vez mais agricultores nipónicos atentos a esta nova realidade e a mudarem de cultura.
Conta a Bloomberg que o orizicultor Hiroshi Tsubouchi é um dos muitos japoneses que querem aproveitar esta "onda". Com efeito, com o consumo de arroz a diminuir no Japão, Tsubouchi, de 36 anos, quer apanhar o comboio do uísque. E como? Trocando as plantações de arroz pela cultura de cevada.
Será já no próximo mês que Tsubouchi terá a sua primeira colheira de cevada, juntando-se a outros agricultores do centro do Japão que estão a testar o potencial deste cereal, na tentativa de aumentarem os seus rendimentos – ajudando, ao mesmo tempo, a alimentar as fabricantes sequiosas de uma maior produção.
O uísque japonês, além de estar entre os mais caros, é também considerado um dos melhores do mundo, o que tem levado a sua procura a galgar fronteiras cada vez mais rapidamente. Entre 2009 e 2014, as vendas anuais de uísque a nível mundial, por parte de todos os países produtores, aumentaram 5% em média. No caso do Japão, esse incremento foi de 5,6% ao ano.
"Nunca esperei que os nossos uísques fossem tão populares fora do país", comentou à Bloomberg o dono da destilaria Venture Whisky. Ichiro Akuto, de 50 anos, é um dos muitos responsáveis de destilarias nipónicas que está já a trabalhar com os agricultores locais no sentido de criar uma cadeia de fornecimento para a sua fábrica de maltagem construída em 2013.
O malte de cevada (ou a cevada maltada), recorde-se, é empregue em três fases do processo de fabrico de uísque: no fabrico da levedura, na pré-maltagem e no próprio processo de maceração. A importância da cevada na indústria da destilação deve-se ao seu elevado teor de amido, que é a base da produção de álcool.
Apesar de qualquer cereal poder ser maltado, no caso do uísque de malte apenas se usa cevada – uma gramínea igualmente importante no fabrico de cerveja.