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Cientistas lutam para salvar humanidade de um mundo sem café

Enquanto Washington debate se a mudança climática é mentira ou ameaça iminente, a indústria mundial de café não espera que o Governo americano tome providências para proteger seus negócios.

Reuters
07 de Maio de 2017 às 13:00
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Os cafezais são ameaçados pela desflorestação, por temperaturas atipicamente elevadas, pela falta de chuvas e por pragas. O mercado global provavelmente terá o seu quarto ano consecutivo de défice, segundo estimativas do Rabobank International.

 

Enquanto isso, a procura global pela bebida deve bater um recorde neste ano, impulsionada pelos jovens consumidores dos EUA. Será preciso aumentar a produção em pelo menos 50% até a meio do século para acompanhar a procura, de acordo com a organização ambiental Conservation International. Para conseguir responder, o sector tenta desenvolver plantas com capacidade de adaptação ao novo meio ambiente.

 

As terras próprias para cultivo da espécie arábica, preferida de empresas como o Starbucks, diminuirão para metade até 2050, segundo o Instituto Mundial de Pesquisa em Café (WCR, na sigla em inglês). No Espírito Santo (Brasil), por exemplo, a produção desabou, principalmente para a variedade robusta. Nos últimos três anos, a região recebeu apenas 50% da média de chuvas, enquanto a temperatura ficou três graus Celsius acima do normal. "Foi a pior seca em 80 anos", disse Romário Gava Ferrão, especialista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Segundo ele, alguns fazendeiros migraram para outras regiões ou investiram em novas culturas.

 

Doenças causadas por fungos que afectam as espécies arábica e robusta, também estão a devastar o sector. Entre 2011 e 2016, foram perdidas para essas pragas aproximadamente 18,2 milhões de sacas, avaliadas em 2,5 mil milhões de dólares, segundo o WCR. Com isso, 1,7 milhões de pessoas ficaram sem trabalho. O aquecimento do planeta significa que os cafeicultores enfrentarão ameaças mais frequentes, realça Christophe Montagnon, geneticista do WCR que lidera uma equipa global de pesquisadores para encontrar plantas capazes de sobreviver num clima diferente. "O aquecimento global significa que os únicos lugares que continuarão aráveis são mais frios ou estão em altitudes maiores", afirmou Montagnon.

 

Numa experiência recente, a equipa dele colocou 30 variedades de plantas de 20 países num ambiente controlado no Laos, onde foram submetidas a temperaturas que baixaram até 2 graus Celsius. As sete variedades sobreviventes ao frio serão levadas para outros países, do Brasil à Guatemala, para verificar se são capazes de progredir em solo estrangeiro e condições não controladas. Eventualmente, as plantas consideradas mais resistentes a temperaturas mais frias e à ferrugem serão seleccionadas.

 

"Agora temos essas variedades resistentes à geada", disse Montagnon. O próximo passo é desafiar essas variedades em ambientes diferentes, conta.

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