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Vieira da Silva atira para o "futuro” travão às pensões antecipadas
As restrições às pensões antecipadas, que Vieira da Silva anunciou há uma semana, serão afinal discutidas "no futuro", segundo respondeu o ministro no Parlamento
Em causa está a intenção de só permitir o acesso à pensão antecipada a quem já tenha 40 anos de carreira aos 60 anos de idade, o que impediria o acesso à reforma a quem só completasse os 40 anos de carreira após os 60 anos, bem como a todos os que tenham começado a descontar depois dos vinte. A medida foi apresentada pelo Governo em concertação social em Maio de 2017 e confirmada e reiterada pelo ministro há uma semana, em conferência de imprensa.
"É esse passo que está previsto no orçamento, não há nenhum passo restritivo que esteja escrito no orçamento. O que está escrito é um novo regime para aquelas pessoas. O que acontecerá no futuro a outros segmentos será discutido noutros quadros, com outras iniciativas legislativas", respondeu o ministro da Segurança Social.
Quem não cumpre nova condição
terá dupla penalização
Para Vieira da Silva, está em causa "uma questão que tem pouco para discutir".
Ou seja, a eliminação do corte do factor de sustentabilidade (que já vai nos 14,5%) para quem cumpra ao critério de aos 60 anos ter 40 de descontos. A partir de Janeiro para quem tem 63 anos ou mais e a partir de Outubro para todos os outros.
E quem não cumpre este apertado critério?
A avaliar por uma das últimas respostas do ministro poderá reformar-se, para já, com dupla penalização (incluindo a do factor de sustentabilidade).
"Obviamente que esta norma não inclui nenhuma outra alteração aos regimes que hoje existem que, até serem alterados – se forem alterados – continuarão a funcionar com toda a regularidade", disse Vieira da Silva.
Ministro anunciou há uma semana
mudanças nas condições de acesso
"Pediu uma resposta clara e eu dei-lhe uma resposta absolutamente clara. O novo regime de reformas antecipadas por flexibilidade da idade da reforma (...) passará a ter uma exigência de estar disponível para as pessoas que aos 60 anos tenham 40 anos de carreira contributiva", disse na altura o ministro, que foi repetidamente questionado sobre quando é que a restrição entra em vigor, mas que não respondeu de forma clara. Numa das respostas que deu respondeu o seguinte: "O novo regime aplica-se em Janeiro às pessoas com 63 anos ou mais, não se aplica a mais ninguém. Em Outubro aplica-se a todos os outros".
A intenção, que já tinha sido anunciada em concertação social, e abordada nas entrevistas realizadas desde então, foi mal recebida por PCP e Bloco de Esquerda, que se tinham empenhado em divulgar as boas notícias sobre a eliminação do duplo corte para algumas pensões. Até o PS admitiu alterar a medida, o que levou o BE a considerar que não há uma maioria que apoie a medida.
A proposta de lei do orçamento do Estado, que autoriza o Governo a "criar" um "novo regime de flexibilização", no seu artigo 90º, não é clara sobre margem de manobra que oferece ao Governo. Estas dúvidas sobre o que prevê o texto foram assumidas pelo líder parlamentar do PS, Carlos César, quando admitiu que pode ser necessário "clarificar" a proposta de lei.
Quando Vieira da Silva revelou a sua intenção de travar o acesso às pensões antecipadas, os jornalistas não ficaram esclarecidos sobre se o travão teria plenos efeitos em Janeiro ou em Outubro. Quando, no final do dia seguinte, que ficou marcado pelas reacções negativas à sua proposta, anunciou que a medida contempla um período transitório, o ministro não esclareceu quanto tempo duraria esse período transitório. Agora, o ministro atira a medida para o "futuro" mas a um ano de eleições legislativas não explica quando é que essa discussão terá lugar.
Notícia actualizada às 14:29 com mais informação.