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Governo, BE e PCP trocam acusações sobre desacordo nas leis laborais

Bloco lembra que o PS foi contra a redução nas compensações por despedimento que recusa agora reverter, Executivo diz que aceitou "talvez umas vinte" propostas do BE. Governo sinalizou uma nova cedência na caducidade, que já tinha sido apresentada ao PCP.

As regras do subsídio de desemprego e do rendimento social de inserção deverão ser revistas de forma definitiva depois da apresentação da estratégia contra a pobreza, disse a ministra.
António Pedro Santos/Lusa
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Embora garanta que "continua à procura de pontes que permitam manter políticas sociais de esquerda em Portugal" o Governo aproveitou um debate sobre trabalho e pensões, no Parlamento, para sublinhar as cedências que já fez, mais do para falar das que ainda poderia vir a fazer.

A proposta mais concreta teve a ver com a caducidade das convenções coletivas, com a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, a mostrar disponibilidade para garantir que a suspensão dos prazos que levam à caducidade dos acordos ou contratos coletivos de trabalho não acabe em 2023 (como hoje prevê a lei) nem em 2024 (como prometido há duas semanas), passando a vigorar sem limite de tempo.

Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, revelaria pouco depois que a proposta tinha já sido apresentada ao PCP, que esta manhã anunciou que vai votar contra o orçamento, comprometendo a sua viabilização.

"Não revogar a caducidade da convenção coletiva (…) é impedir o crescimento dos salários médios", diria ainda a deputada comunista Diana Ferreira. Ao longo do debate, o Executivo também não mostrou abertura para fazer novas cedências do salário mínimo ou no aumento das pensões, além das anunciadas na sexta-feira. 

De um conjunto de nove propostas que apresentou, o Bloco de Esquerda concentrou-se essencialmente em duas: o aumento das compensações por despedimento de 12 para "pelo menos" 20 dias por cada ano trabalhado (anulando a segunda fase das alterações da troika, à qual na altura o PS se opôs) e a eliminação dos cortes do fator de sustentabilidade aos pensionistas que os suportam desde 2014 (e que já não os suportariam com a legislação em vigor, num custo que estima em 62 milhões de euros).

"Porque é que o Governo não está disponível para mexer nas compensações por despedimento, nem sequer os 20 dias que o PS aqui defendeu?", questionou José Soeiro, do Bloco de Esquerda.

"Não consigo entender a acusação de intransigência [na legislação laboral] nem posso aceitá-la", respondeu o secretário de Estado Adjunto e do Trabalho, Miguel Cabrita, sublinhando que ao longo dos últimos meses o Governo incluiu (total ou parcialmente) "talvez umas vinte" propostas do BE.

Em causa estão as que foram incluídas, mais ou menos à última hora, na chamada "agenda do trabalho digno", que teria de passar pelo Parlamento: a redução das compensações por fim de contrato a prazo (mas não por despedimento), a reposição do valor das horas extraordinárias (mas só a partir da 121ª) a proibição do recurso ao 'outsourcing' durante um ano após os despedimentos coletivos, o reforço da Autoridade para as Condições do Trabalho ou a vinculação dos estafetas com as plataformas digitais.

Depois de ter recusado por diversas vezes o fim do fator de sustentabilidade, a ministra do Trabalho desviou o debate para uma lógica de "longo prazo": "Podemos sempre equacionar a longo prazo soluções alternativas", mas sem mexer em pensões já atribuídas, sugeriu.

 

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