Notícia
António Costa recebe hoje bastonário dos Médicos
Miguel Guimarães pediu a reunião e o primeiro-ministro acedeu de imediato. O encontro pretende travar a escalada de tensão entre a Ordem dos Médicos e António Costa.
O primeiro-ministro vai reunir-se com a Ordem dos Médicos esta terça-feira de manhã, pelas 09:00, revelou a agência Lusa, depois de aquela entidade ter solicitado uma audiência urgente com o chefe do Governo.
Em comunicado divulgado segunda-feira, a OM solicitava, com caráter de urgência, uma audiência ao primeiro-ministro e considerava ofensivas as declarações de António Costa numa conversa privada com jornalistas do jornal Expresso.
No comunicado, a OM considera que as afirmações de António Costa “independentemente de serem proferidas de forma pública ou em privado, traduzem um estado de espírito ofensivo para os médicos e um sentimento negativo por uma classe profissional”.
Em causa está um pequeno vídeo, de sete segundos, que circula nas redes sociais, que mostra António Costa numa conversa privada com jornalistas alegadamente chamando “cobardes” aos médicos envolvidos no caso do surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz, que matou 18 pessoas.
“Declarações ofensivas para todos os médicos e para os doentes que precisam de nós, sobretudo os mais vulneráveis, são um mau serviço dos governantes ao país, e em nada contribuem para a necessária união num momento de pandemia”, sublinha a OM.
Em entrevista ao semanário Expresso, cuja primeira parte foi publicada no sábado, o primeiro-ministro assumiu que houve falhas na situação que envolveu o lar de Reguengos de Monsaraz, mas reforçou que a instituição “é de uma fundação privada” e que, “quando foi alertado, o Estado reagiu imediatamente”.
Costa reiterou que mantém confiança na ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, que tem sido criticada, e disse depois: “Não acordámos agora por causa do relatório de uma entidade [Ordem dos Médicos] que não tem competência legal para fazer esse estudo.”
Sobre esta contestação à legitimidade para fazer uma auditoria ao cuidados prestados no lar de Reguengos, a Ordem refere que o estatuto da OM “contempla um Conselho Nacional (...) para realizar auditorias da qualidade no território nacional, como foi o caso da auditoria aos cuidados clínicos prestados aos utentes do Lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, em Reguengos de Monsaraz”.
Médicos não recusaram tratar doentes em lar
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, assegurou que não houve “nenhuma recusa” por parte dos médicos de família do centro de saúde para tratar os doentes com covid-19 em Reguengos de Monsaraz.
“Não houve recusa dos médicos que estavam no centro de saúde, isso tem de ficar claro. Os médicos de família protestaram e, alguns de forma veemente e bem, porque não tinham as condições adequadas para tratar daqueles idosos”, afirmou o bastonário.
Miguel Guimarães, que falava aos jornalistas depois de uma reunião com o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, no Porto, adiantou ainda que a auditoria feita pela Ordem dos Médicos surto de covid-19 num lar de Reguengos de Monsaraz, que matou 18 pessoas, foi legal e autorizada pelo Ministério Público.
“Não quero continuar a alimentar essa polémica, a auditoria foi legal, foi aceite pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados”, garantiu.
Primeiro-ministro
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