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Dissolução carece de ponderação... e coragem

Voto em Manuel Alegre porque o país precisa de mudar, e é Manuel Alegre quem transporta a bandeira da mudança nestas eleições.

11 de Janeiro de 2011 às 09:47
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JACINTO LUCAS PIRES
Escritor








Voto em Alegre porque, se queremos um Portugal melhor, se não nos queremos resignar a este triste deixa-andar, o Presidente deve ter uma visão política do país, uma visão de futuro - por oposição ao conformismo tecnocrático, que parece ver números onde há pessoas e estatísticas onde há sonhos de uma vida melhor. Voto Alegre porque um Presidente precisa de saber usar a palavra, dialogar com uns e outros, para ser realmente um moderador. Voto em Alegre porque precisamos de ideias claras, palavras fortes - não de tabus, vacuidades e autópsias de números. Voto em Alegre porque é Alegre que diz o que precisa ser dito: "Se criar um país mais justo, mais solidário e mais fraterno é uma utopia, vamos lá realizar essa utopia."

O Presidente da República deve dissolver a Assembleia da República após as presidenciais?
Acho que não se pode responder 'sim' ou 'não'. Até porque não se escolhe um Presidente 'contra' um Governo ou uma maioria parlamentar. A escolha do Presidente - o mais alto cargo da nação e aquele que, no fundo, define o nosso sistema político - deve ser uma afirmação, não um mero protesto ou uma espécie de amuo perante as crises. Dito isto, é preciso que o Presidente eleito seja capaz de 'ler' a situação política a todo o tempo. A decisão de dissolução do Parlamento, a chamada 'bomba atómica' dos poderes presidenciais, carece naturalmente de grande ponderação, mas também de toda a coragem da independência. Para essa leitura - que é constitucional, política e que, para ajudar o País em vez de o complicar, não pode ser feita a medo e a destempo -, é preciso alguém com uma visão política e que saiba 'conversar' com o País. Não um técnico-mor com uma perspectiva meramente legalista, contabilística, da realidade...

Caso das próximas legislativas não saia uma maioria parlamentar, deve pressionar a formação de uma coligação?
Claro que sim. Deve criar condições, mas não pode substituir-se aos partidos nesse namoro pós-eleitoral. Diria que pode ser um Santo António casamenteiro mas não um Cyrano de Bergerac.

E o que deve fazer caso a taxa de desemprego atinja os 11%?
Deve pôr-se ao lado dos desempregados. Dar voz à sua voz, às suas críticas, ansiedades, interrogações. Denunciar as situações de injustiça e dar a conhecer os bons exemplos. Saber transmitir esperança - só com esperança haverá mudança. Deve ainda tentar criar condições, na medida dos poderes que lhe assistem e a partir de um diálogo franco com os diferentes agentes (políticos, económicos, sociais), para, em conjunto, acharmos as melhores soluções. Mas isso deve ser feito já agora, não só se o desemprego chegar aos 11%. Talvez isto não seja o mais aconselhável para se dizer ao Negócios, mas parece-me que o "fetichismo" dos números é parte do problema actual. Contra isso, valha-nos a política: apontar o país a um futuro diferente, em vez de nos limitarmos a carregá-lo com os mais pesados diagnósticos.


O Negócios vai ao longo da campanha eleitoral recolher depoimentos de várias personalidades que apoiam os candidatos à Presidência da República. Saiba amanhã por que é que a ex-provedora da Casa Pia, Catalina Pestana, vota em Fernando Nobre.
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