"O nosso grupo de trabalho é o nosso grupo de trabalho, e é exclusivamente com o PS". É assim que Manuela Cunha, dirigente nacional do Partido Ecologista Os Verdes, comenta o facto de o Bloco de Esquerda ter manifestado disponibilidade para integrar o grupo de trabalho acertado entre os ecologistas e o PS sobre política fiscal, um compromisso assumido na posição conjunta que viabilizou o Governo de António Costa. Para Os Verdes, se o Bloco de Esquerda quiser, terá de criar um grupo alternativo para discutir este assunto.

"O grupo de trabalho é entre nós e o PS. Se o Bloco tem outro, muito bem, mas o que ficou claro é que teremos um grupo de trabalho só com o PS", explica Manuela Cunha (ao centro na foto), que foi cabeça-de-lista do PEV às eleições legislativas pelo distrito de Portalegre.

Após as eleições legislativas de Outubro do ano passado, e depois de longas negociações à esquerda, o PS conseguiu firmar três posições conjuntas com o Bloco de Esquerda, PCP e PEV, para garantir o apoio parlamentar destes três partidos de esquerda a um Governo socialista. Os socialistas comprometeram-se a criar grupos de trabalho para "preparar iniciativas comuns sobre áreas fundamentais" com o Bloco de Esquerda e com Os Verdes.

Com os bloquistas, ficaram acertados cinco grupos de trabalho. Com os Verdes, apenas um, precisamente sobre política fiscal. Este fim-de-semana, o Bloco de Esquerda anunciou a composição dos referidos grupos, que terão representantes do PS e do Governo. E também enviou a composição do grupo de trabalho sobre política fiscal, o tal que ficou acordado entre Os Verdes e o PS.

Ora, segundo afiança Manuela Cunha, o PEV ainda não indicou nenhum nome. "Ainda não nomeámos ninguém, ficámos de ver isso", reconhece. Mas adianta que o seu nome será um dos que vai fazer parte das negociações. "Estarei eu, porque coordeno o trabalho do partido em geral, e outros companheiros do partido que acompanhem as áreas fiscais", antecipa.

Bloco vai discutir política fiscal, mesmo que noutro grupo

O Bloco anunciou que o referido grupo de trabalho sobre política fiscal seria composto pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade, e teria os deputados José Gusmão e Mariana Mortágua a representar o partido. O PS seria representado pelos deputados João Paulo Correia e Eurico Brilhante Dias. O especialista convidado pelo Governo seria o ex-governante Sérgio Vasques, ao passo que o Bloco convidou Glória Teixeira, Coordenadora do Centro de Investigação Jurídico-Económica.

Confrontada com a recusa do PEV de se sentar à mesma mesa com os bloquistas, fonte oficial do partido diz que "não faz grande sentido que existam dois grupos bilaterais sobre o mesmo tema", que "deverão chegar às mesmas conclusões". "O nosso modelo preferencial de conversação é ter toda a gente sentada à mesma mesa. Se Os Verdes não quiserem, haverá dois grupos", garante.

Nos restantes cinco grupos, destaque para o facto de Francisco Louçã, ex-coordenador do BE, ser um dos representantes do partido para o grupo de trabalho que vai proceder à "avaliação da sustentabilidade da dívida".

Conheça em baixo a composição integral dos seis grupos de trabalho anunciados pelo Bloco de Esquerda.