Notícia
Substituto de Bárcenas reconhece que recebeu pagamentos “por fora”
Cristobal Paéz reconheceu, em tribunal, ter recebido 12 mil euros por baixo da mesa.
É mais um capítulo do caso que tem agitado a vida política do país vizinho. Cristobal Paéz, que substituiu o ex-tesoureiro do PP, Luis Bárcenas entre 2009 e 2010, reconheceu esta terça-feira, perante o tribunal, que recebeu pagamentos “por fora” no valor de 12 mil euros. Esses pagamentos ilícitos foram realizados em Abril de 2007 e Junho de 2008 e figuram na contabilidade secreta do seu antecessor no cargo, Luis Bárcenas, de acordo com fontes judiciais citadas pelos jornais espanhóis.
É uma nova confirmação dos documentos manuscritos de Bárcenas publicados em Janeiro pelo jornal espanhol "El País", e que foram corroborados, entre outros, pelo presidente do Senado, Pío García Escudero, e os políticos Jaime Ignacio del Burgo e Calixto Ayesa.
O reconhecimento destes pagamentos foi um dos pontos fundamentais da declaração de Páez, que deixou o partido quando Mariano Rajoy nomeou tesoureiro o actual presidente do Conselho de Estado, José Manuel Romay Beccaría. Entre hoje e amanhã serão ainda ouvidos os ex-secretários Francisco Álvarez Cascos e Javier Arenas, e a actual secretária-geral do partido, María Dolores Cospedal.
O esquema de contabilidade paralela do ex-tesoureiro do PP tem causado um verdadeiro terramoto na vida política espanhola, e ameaçado inclusive a continuidade de Mariano Rajoy no cargo de primeiro-ministro.
O caso veio a público em Janeiro deste ano quando o jornal “El País” publicou vários documentos com pagamentos ao PP, recibos de pagamentos com destinatários e vários movimentos bancários. Segundo o jornal espanhol, todos os anos eram colocados de lado parte dos donativos que alegadamente serviam para remunerações suplementares a dirigentes do partido. Rajoy terá sido um dos dirigentes a receber essas remunerações suplementares. Bárcenas garantiu em tribunal ter dado dinheiro “vivo” a Rajoy e à secretária-geral do partido entre 2008 e 2010 e terá entregue documentos que, segundo os jornais espanhóis, revelam os pagamentos feitos por baixo da mesa.
Barcenas geriu as finanças do PP durante mais de 20 anos. Quando a bomba estoirou soube-se que o ex-tesoureiro tinha contas na suíça superiores a 48 milhões de euros. O ex-tesoureiro negou a contabilidade paralela até mudar de estratégia quando foi preso em Junho. Alega agora ter sido pressionado pelo PP a não revelar essa contabilidade.