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Sérgio Sousa Pinto critica "cruzada contra a direita" no PS

O líder da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros acha que a geringonça só funciona porque PCP e BE são ignorados "em tudo o que é essencial", lamentando ainda o "entusiasmo quase infantil" face a Angola.

Miguel Baltazar/Negócios
17 de Maio de 2018 às 11:30
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Sérgio Sousa Pinto, uma das vozes mais críticas dos acordos com os partidos da esquerda que permitiram a António Costa formar um Executivo sem ganhar as eleições, admite, três anos depois, que "o Governo já demonstrou que consegue governar", mas apenas porque "em tudo o que é essencial ninguém pode acusar este Governo de ter cedido ou transaccionado nada de fundamental com os seus aliados políticos".

 

Numa entrevista à Renascença e ao Público, o histórico deputado socialista sustenta que "em tudo o que é essencial o PCP e até o BE não são tidos em consideração – a política de alianças de Portugal, a política europeia, a prioridade absoluta ao equilíbrio orçamental". E aplaude a falta de referência na moção estratégica do secretário-geral do partido à continuidade da chamada geringonça depois das eleições legislativas de 2019, embora Augusto Santos Silva já tenha admitido "renovar a fórmula de governação".

 

"Ao contrário do que certos camaradas meus têm sustentado, não vejo que haja razão para que no futuro o PS esteja condenado a ter uma política de alianças que privilegia os partidos à sua esquerda. Nem vejo razão para o PS considerar que o seu papel é organizar um frentismo de esquerda, uma cruzada contra a direita, para salvar o país das garras da direita", resume.

 

O homem que preside à comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros mostra-se ainda "muito surpreendido" por ter visto "agentes políticos geralmente tão prudentes em relação a decisões do poder judicial, que gostam de enfatizar que ‘à política o que é da política, à justiça o que é da justiça’, de repente se pronunciem com um entusiasmo quase infantil" sobre o desfecho do caso Manuel Vicente.

 

Sobre a decisão da Justiça portuguesa de enviar o processo do ex-vice-presidente angolano para Luanda, Sérgio Sousa Pinto opta por ironizar que "só faltava [Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa] terem dançado apopleticamente, tão transidos estavam de felicidade por aquela decisão do poder judicial".

 

Só faltava [Marcelo e Costa] terem dançado apopleticamente, tão transidos estavam de felicidade por aquela decisão do poder judicial. Sérgio Sousa Pinto, deputado do PS e presidente da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros

 

"Abraçaram e aplaudiram freneticamente uma decisão do poder judicial. Eu acho que não compete ao poder político meter-se nisso, com toda a franqueza. Os tribunais decidiram, não compete ao poder político português andar a celebrar uma decisão do poder judicial", detalha nesta entrevista o parlamentar socialista.

 

Já questionado sobre José Sócrates, que decidiu desfiliar-se do PS depois de vários responsáveis do partido, como Carlos César ou João Galamba, o terem deixado cair, o deputado rejeitou "engrossar o pelotão das pessoas que entendem atirar uma pedra, nesta fase", ao antigo primeiro-ministro acusado de corrupção no âmbito da Operação Marquês.

 

"Continuamos a apreciar uma boa fogueira no Rossio, com as pessoas em labaredas e pouca gente preza verdadeiramente o que é mais importante. E o mais importante é que o Estado de Direito português dá sinais de maturidade, aparentemente oferece razões para que nele confiemos", concluiu Sérgio Sousa Pinto.

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