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Rio tira o tapete à bancada do PSD e não exige demissão de Campos Fernandes

Depois de o deputado social-democrata ter esta manhã pedido a demissão do ministro da Saúde, o presidente do PSD precisou a posição do partido garantindo que não faz parte do seu "estilo" exigir demissões de governantes.

Ricardo Castelo
11 de Maio de 2018 às 13:32
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A direcção do PSD e a bancada parlamentar social-democrata continuam sintonizadas em frequências diferentes. Rui Rio desautorizou esta sexta-feira, 11 de Maio, o deputado social-democrata, Ricardo Baptista Leite, que esta manhã exigiu, no Parlamento, a demissão de Adalberto Campos Fernandes, ministro da Saúde. 

O presidente do PSD não exige a demissão do ministro da Saúde e explica que não o faz porque esse tipo de atitude não faz parte do seu "estilo" de actuação. Pedir a demissão "não é propriamente o meu estilo", disse aos jornalistas à margem de um conjunto de iniciativas em que hoje participa em Beja. Rio tirou assim o tapete ao deputado Baptista Leite que, no debate parlamentar com o ministro da Saúde que decorreu esta manhã, exigiu "aqui e agora" a demissão de Adalberto Campos Fernandes. 

"Face ao descalabro que está instalado no sector da Saúde, a única atitude séria que se poderia esperar era a sua demissão aqui e agora", disse o deputado dirigindo-se ao responsável máximo do Ministério da Saúde.


Rui Rio começou por explicar aos jornalistas não ter assistido ao debate, pelo que teria de se "cingir" ao que lhe foi transmitido. "Os deputados do PSD  perguntaram ao ministro da Saúde se ele não quer reequacionar a sua posição no Governo face ao facto de, na prática, estar a dividir a gestão do Ministério da Saúde com o ministro das Finanças", afirmou, tentando diminuir a distância entre o que foi a exigência de demissão feita pelo deputado Baptista Leite e aquilo que é a sua própria posição.

"A minha opinião, em concreto, é exactamente esta: acho que o Governo tem efectivamente de fazer uma reflexão, quer o primeiro-ministro, quer o ministro das Finanças, quer o ministro da Saúde, e ver o que é que podem fazer no quadro da gestão do Ministério da Saúde. Porque uma coisa é clara, assim acho que não pode continuar", atirou Rio. 


Apesar de o pedido ter sido feito por um deputado, o Expresso noticiou entretanto que esta exigência de demissão foi concertada com a bancada social-democrata. Em declarações ao Expresso, o também médico Baptista Leite reconhece que o pedido de demissão não constava dos apontamentos preparados para levar ao plenário, mas acabou por fazê-lo na sequência do teor das declarações do ministro. 

Sob fogo cerrado não apenas da direita mas também do Bloco de Esquerda e do PCP (foram os comunistas a pedirem o debate desta manhã), Adalberto Campos criticou o "oportunismo populista" do PSD e o "número mediático" que considera ter sido a exigência feita pelo deputado social-democrata. Já em declarações aos jornalistas presentes na Assembleia da República, o ministro perguntou: "acha que é para levar a sério as declarações de um deputado com estas características".

Depois da polémica eleição de Fernando Negrão como presidente da bancada parlamentar ter mostrado um ambiente de desconfiança entre os deputados do PSD e o presidente então recém-eleito, esta dessintonia entre Rio e os parlamentares sociais-democratas mostra que há ainda que afinar a relação entre a direcção e os deputados. 

Vice-presidente da bancada do PSD garante que não houve pedido de demissão

Tendo em conta a contradição entre as declarações de Rui Rio e a intervenção de Baptista Leite no Parlamento, o deputado social-democrata Adão Silva veio a terreiro tentar pôr um ponto final na polémica. O primeiro vice-presidente da bancada do PSD garante que "não há um pedido de demissão, há uma sugestão ao ministro para que, em função das circunstâncias, ele pense e repense a sua presença no Governo". 

Adão Silva diz ainda que a "ideia que está a perpassar" na comunicação social de que há uma divergência de posições entre os deputados do PSD e a liderança do partido é errada. "Quero reafirmar que estamos plenamente sincronizados com o presidente do PSD", concluiu o deputado. 

(Notícia actualizada pela última vez às 14:31 com declarações de Adão Silva)
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