Notícia
Rio questiona aumento de mortes não covid. Costa responde com "temperatura elevada"
O presidente social-democrata arrancou o primeiro debate parlamentar assente no modelo acordado entre PS e PSD com críticas ao enorme aumento da taxa de mortalidade sem que tal esteja relacionado com a covid-19. António Costa cita estudo preliminar que aponta como possível justificação a "temperatura elevada".
Rui Rio trouxe a debate na Assembleia da República o "tema mais importante" que o PSD, ou qualquer outro partido, poderia colocar em cima da mesa e que diz respeito à "evolução da taxa de mortalidade em Portugal".
No primeiro debate a realizar no novo formato de debates com o Governo, consensualizado entre PS e PSD, o líder social-democrata defendeu que o número de mortes não causadas pela covid-19 "tem evoluído de forma absolutamente dramática".
De março para cá, "morreram mais 9,2%" pessoas do que nos últimos anos, verificando-se mais 7.100 óbitos do que a média registada nos últimos cinco anos. "Da covid apenas morreram 1.920 pessoas, há mais de 5.200 pessoas que morreram de outras patologias", acrescentou para questionar o Governo sobre se acha grave a situação e sobre o que está a fazer ou a pensar fazer para contrariar esta evolução.
Na resposta, António Costa citou as conclusões de um estudo ainda preliminar e que para o período entre janeiro e julho considera poder existir uma "correlação" entre o aumento de óbitos e a "incidência de temperatura elevada".
O presidente do PSD insistiu no tema e garantiu que o "problema está na falta de assistência [médica]" pois nos primeiros sete meses de 2020 "houve menos um milhão de consultas médicas nos hospitais" e "menos 24% de cirurgias, das quais 6 mil eram urgentes". "Morreram fora do hospital mais 27% [de pessoas] do que é habitual", lamentou.
Rio prosseguiu, dizendo que esta situação é difícil até para quem tem médico de família e que, portanto, é bem pior para o milhão de portugueses que "nem sequer médico de família tem". Momento para nova pergunta: Quando vai o Governo cumprir a promessa, feita em 2016, de que até ao final de 2017 todos os portugueses teriam médico de família?
Novamente com a palavra, o primeiro-ministro assegurou que "não há correlação entre a quebra da atividade e o aumento do número de óbitos", embora diga ser "óbvio que com a pandemia tenha havido uma quebra muito significativa da atividade assistencial". Costa disse ainda que apesar da quebra, nos meses de maio, junho e julho foi possível recuperar, porém em agosto "houve quebra de novo".
Ainda assim, e já fazendo uso da documentação que lhe foi entretanto entregue pela ministra da Saúde, Marta Temido, o também líder do PS assegurou que "a assistência neste ano não foi significativamente diferente de anos anteriores", verificando-se uma redução de 3,6% relativamente a 2019.
O Negócios noticiou recentemente que em setembro a taxa de mortalidade ficou praticamente 14% acima da média de óbitos nos anos mais recentes, concluindo ainda que a covid-19 apenas explicava muito parcialmente este aumento.
O diálogo continuou, com o deputado social-democrata a apresentar mais números para sustentar a crítica à gestão da saúde feita pelo Governo e a elencar outras falhas, tais como a redução de exames de rastreio do cancro. Mas para Rio o "pior" são mesmo as listas de espera para tratamentos, que na maior parte das vezes são uma "autêntica condenação à morte".
António Costa reagiu, garantindo que os "IPO nunca pararam a sua atividade" e quanto aos médicos de família assumiu que o Governo "não cumpriu ainda o objetivo" mas reafirmou a intenção e, nesse sentido, adiantou que no próximo dia 10 de outubro vão entrar nos quadros do SNS "mais 435 médicos de saúde geral e familiar".
Aumento "não é explicável pela onda de calor", diz Catarina Martins
A questão levantada por Rui Rio ganhou tração e foi também usada na primeira intervenção da coordenadora do Bloco de Esquerda, que começou por considerar desadequada a possível explicação dada por Costa.
"Não é explicável pela onda de calor", disse Catarina Martins numa alusão ao aumento de mortes não relacionadas com o novo coronavírus. "Houve meses em que não existiu [essa onda de calor] e a mortalidade foi acima", continuou, notando que "o BE vem identificando o problema há bastante tempo".
A deputada Catarina Martins afirmou ainda que "mesmo sem a pandemia estaríamos assim, já sabíamos que o SNS estava muito frágil", para depois lembrar ter sido essa a razão que levou o Bloco a viabilizar o orçamento para este ano, pois previa "mais investimento e mais contratações no SNS". "Mas nem essas contratações nem esse investimento existiram", rematou.
Confrontado com a acusação do Bloco, o líder do Governo salientou o objetivo assumido pelo Executivo de em 2020 e 2021 garantir um reforço de 8.400 profissionais no SNS, porém lembrou que ninguém poderia antecipar a pandemia que entretanto eclodiu.
Também Jerónimo de Sousa falou sobre saúde na primeira intervenção. O secretário-geral do PCP avisou que os "sinais" que vêm sendo dados pelo Governo não permitem deixar os comunistas "descansados", não apenas em relação ao SNS mas também em matéria de salários e direitos laborais.
(Notícia atualizada)
No primeiro debate a realizar no novo formato de debates com o Governo, consensualizado entre PS e PSD, o líder social-democrata defendeu que o número de mortes não causadas pela covid-19 "tem evoluído de forma absolutamente dramática".
Na resposta, António Costa citou as conclusões de um estudo ainda preliminar e que para o período entre janeiro e julho considera poder existir uma "correlação" entre o aumento de óbitos e a "incidência de temperatura elevada".
O presidente do PSD insistiu no tema e garantiu que o "problema está na falta de assistência [médica]" pois nos primeiros sete meses de 2020 "houve menos um milhão de consultas médicas nos hospitais" e "menos 24% de cirurgias, das quais 6 mil eram urgentes". "Morreram fora do hospital mais 27% [de pessoas] do que é habitual", lamentou.
Rio prosseguiu, dizendo que esta situação é difícil até para quem tem médico de família e que, portanto, é bem pior para o milhão de portugueses que "nem sequer médico de família tem". Momento para nova pergunta: Quando vai o Governo cumprir a promessa, feita em 2016, de que até ao final de 2017 todos os portugueses teriam médico de família?
Novamente com a palavra, o primeiro-ministro assegurou que "não há correlação entre a quebra da atividade e o aumento do número de óbitos", embora diga ser "óbvio que com a pandemia tenha havido uma quebra muito significativa da atividade assistencial". Costa disse ainda que apesar da quebra, nos meses de maio, junho e julho foi possível recuperar, porém em agosto "houve quebra de novo".
Ainda assim, e já fazendo uso da documentação que lhe foi entretanto entregue pela ministra da Saúde, Marta Temido, o também líder do PS assegurou que "a assistência neste ano não foi significativamente diferente de anos anteriores", verificando-se uma redução de 3,6% relativamente a 2019.
O Negócios noticiou recentemente que em setembro a taxa de mortalidade ficou praticamente 14% acima da média de óbitos nos anos mais recentes, concluindo ainda que a covid-19 apenas explicava muito parcialmente este aumento.
O diálogo continuou, com o deputado social-democrata a apresentar mais números para sustentar a crítica à gestão da saúde feita pelo Governo e a elencar outras falhas, tais como a redução de exames de rastreio do cancro. Mas para Rio o "pior" são mesmo as listas de espera para tratamentos, que na maior parte das vezes são uma "autêntica condenação à morte".
António Costa reagiu, garantindo que os "IPO nunca pararam a sua atividade" e quanto aos médicos de família assumiu que o Governo "não cumpriu ainda o objetivo" mas reafirmou a intenção e, nesse sentido, adiantou que no próximo dia 10 de outubro vão entrar nos quadros do SNS "mais 435 médicos de saúde geral e familiar".
Aumento "não é explicável pela onda de calor", diz Catarina Martins
A questão levantada por Rui Rio ganhou tração e foi também usada na primeira intervenção da coordenadora do Bloco de Esquerda, que começou por considerar desadequada a possível explicação dada por Costa.
"Não é explicável pela onda de calor", disse Catarina Martins numa alusão ao aumento de mortes não relacionadas com o novo coronavírus. "Houve meses em que não existiu [essa onda de calor] e a mortalidade foi acima", continuou, notando que "o BE vem identificando o problema há bastante tempo".
A deputada Catarina Martins afirmou ainda que "mesmo sem a pandemia estaríamos assim, já sabíamos que o SNS estava muito frágil", para depois lembrar ter sido essa a razão que levou o Bloco a viabilizar o orçamento para este ano, pois previa "mais investimento e mais contratações no SNS". "Mas nem essas contratações nem esse investimento existiram", rematou.
Confrontado com a acusação do Bloco, o líder do Governo salientou o objetivo assumido pelo Executivo de em 2020 e 2021 garantir um reforço de 8.400 profissionais no SNS, porém lembrou que ninguém poderia antecipar a pandemia que entretanto eclodiu.
Também Jerónimo de Sousa falou sobre saúde na primeira intervenção. O secretário-geral do PCP avisou que os "sinais" que vêm sendo dados pelo Governo não permitem deixar os comunistas "descansados", não apenas em relação ao SNS mas também em matéria de salários e direitos laborais.
(Notícia atualizada)