Notícia
Mortalidade em setembro ficou 14% acima da média dos anos anteriores. Covid-19 explica muito pouco
Números provisórios de setembro confirmam acréscimo permanente da mortalidade em Portugal. Neste último mês, apenas 17% dos óbitos registados foram atribuídos à covid-19.
Já são conhecidos os números provisórios sobre a mortalidade de setembro e a tendência de fundo mantém-se: a mortalidade continua bem acima da média dos últimos cinco anos e a maior parte do aumento não é explicado, pelo menos oficialmente, pela covid-19.
De acordo com os dados do Sistema de Vigilância da Mortalidade, da Direção-Geral de Saúde (DGS), consultados pelo Negócios, morreram em setembro 8.974 pessoas. Este número peca por defeito pois estas estatísticas são apuradas de forma automática em tempo quase real, havendo geralmente revisões em alta em relação aos últimos dias do mês. Ainda assim, assumindo este valor, isto representa uma subida de pelo menos 13,8% face à média de setembro dos últimos cinco anos.
Desde março, mês em que a pandemia chegou a Portugual, a mortalidade tem estado todos os meses acima da média, mas este é terceiro com maior acréscimo, só ultrapassado por abril (mês em que morreu mais gente com covid-19) e por julho (uma onda de calor provocou um pico de mortes). O aumento face ao mesmo mês dos últimos cinco anos foi de 17% em abril e de 28% em julho.
E também uma vez mais, só uma pequena parte do acréscimo das mortes é explicada pela covid-19. Segundo a DGS, morreram em setembro 153 pessoas por covid-19. Ora, este número representa apenas 14,1% do acréscimo das mortes por todas as causas. A percentagem de mortes adicionais explicadas pela covid-19 tem variado entre um mínimo de 7% em julho (um efeito de diluição resultantes das mortes por calor) e os 54% em abril, mês em que a pandemia provocou mais vítimas mortais em Portugal.
É impossível saber ao certo o que está por trás deste acréscimo persistente de óbitos em Portugal enquanto não estiverem apuradas as causas de morte, um processo muito moroso. No entanto, a DGS tem vindo a atribuir os picos de mortalidade ao calor, mas não avança quaisquer explicações para este acréscimo persistente de mortes.
Embora a DGS venha desvalorizando o aumento da mortalidade, o INE tem confirmado todas as semanas que estão a morrer mais pessoas do que a média. Entre 2 de março e 20 de setembro, refere o INE que não tratou dados mais recentes, registaram-se 64.105 mortes, mais 7.144 do que a média do período homólogo dos cinco anos anteriores. Deste acréscimo, só 1.920 (27%) são imputados à covid-19.