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Rebeldes sírios criam exército com ajuda da Turquia
O presidente sírio, Bashar al-Assad, retende recuperar "cada milímetro" da Síria. Mas, apesar de já ter reconquistado a maioria do país, a presença turca tem complicado as ofensivas governamentais no noroeste.
O "exército nacional" que os rebeldes sírios estão a criar com a ajuda da Turquia poderá tornar-se um obstáculo de longo prazo à recuperação das zonas do noroeste do país por parte do presidente Bashar al-Assad, destaca a Reuters.
Estes esforços de criação de um exército nacional estão no centro dos planos da oposição síria, apoiada por Ancara, no sentido de assegurar e governar uma faixa do território sírio que faz parte do último grande bastião dos rebeldes na Síria.
A presença de forças turcas no terreno tem ajudado a defender este território dos ataques do governo de Assad.
Bashar al-Assad, que é apoiado pela Rússia e pelo Irão, disse que pretende recuperar "cada milímetro" da Síria. Mas, apesar de já ter reconquistado a maioria do país, a presença turca tem complicado as ofensivas governamentais no noroeste.
O papel da Turquia, sublinha a Reuters, tem ido muito além do apoio às forças aliadas síria: Ancara tem ajudado a reconstruir escolas e hospitais, e já abriram nessa região pelo menos cinco postos dos correios sírios.
A Turquia adiantou este domingo, 12 de Agosto, que finalizou os preparativos para criar mais "zonas seguras" na Síria, o que poderá permitir o regresso de refugiados que fugiram da guerra civil.
Numa altura em que o presidente turco se debate com uma crise no país à conta da elevada inflação e das tensões com os EUA [que fizeram disparar os juros da dívida soberana e arrastou a lira tura para mínimos históricos], Recep Tayyip Erdogan mantém a Síria debaixo de olho e hoje declarou na sede do seu partido (AK) em Trabzon (cidade do Mar Negro) que um milhão de pessoas já regressaram às zonas livres da Síria.
A Turquia, recorde-se, abrigou 2,7 milhões de refugiados da Síria. Um deles é Ibrahim Al Ibrahim, de 27 anos. Ibra, como gosta de ser chamado, vive na cidade turca de Gazi-Ayintap desde 2014, quando conseguiu fugir em busca da paz que lhe faltava na terra onde vivia.
Sobre a Turquia, diz que a considera o seu segundo país. Ao Negócios, há cinco anos, quando estava ainda preso na cidade síria de Manbej, no norte do país, sentia-se desamparado. Tinha terminado os estudos na universidade, mas não arranjava emprego. Na sua cidade não havia segurança. Ficou ferido com um míssil que lhe atingiu a casa e queria "partir para sobreviver".
Foi o que fez. Conseguiu-o em inícios de 2014. "Amo este país", diz hoje sobre a Turquia. Mas não esconde que um dia gostaria de regressar – bem como o resto da sua família, que entretanto também conseguiu fugir da Síria – à terra que respirou desde que nasceu. Se seria para ficar, não sabe. Há cinco anos, mostrava-nos imagens da sua casa reduzida a escombros. Agora só tem fotografias alegres.