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Projetos de lei sobre touradas voltam a gerar divisões entre deputados do PS

O PS decidiu votar contra, na sexta-feira, os diplomas que visam proibir apoios públicos diretos ou indiretos a espetáculos e atividades tauromáquicas, mas vários deputados socialistas, sobretudo da JS, vão contrariar a posição oficial da bancada.

Duarte Roriz/Cofina
09 de Julho de 2020 às 17:33
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Em causa, estão projetos de lei do PEV, Bloco de Esquerda, PAN, da deputada não inscrita Cristina Rodrigues e de um grupo de cidadãos (que juntou mais de 25 mil assinaturas) - cinco diplomas contra as touradas e que, além do PS, têm a oposição do PSD, PCP, CDS-PP e Chega.

Tal como aconteceu na anterior legislatura, a questão das touradas voltou a gerar divisões entre os deputados do PS. Hoje, durante a reunião semanal da bancada socialista, vários deputados contestaram a orientação oficial de voto contra e manifestaram a sua disposição de votar a favor

Entre os deputados que já anunciaram o seu voto favorável aos diplomas anti-touradas estão pelo menos três vice-presidente da direção do Grupo Parlamentar do PS: Pedro Delgado Alves, Marina Gonçalves e a líder da JS, Maria Begonha.

Em declarações à agência Lusa, Maria Begonha disse que a JS tem uma posição de princípio contra a realização de espetáculos tauromáquicos e adiantou que os seus sete deputados vão votar a favor dos cinco diplomas.

"A exploração da crueldade animal para divertimento é uma realidade que já não devia existir em Portugal", defendeu Maria Begonha, admitindo depois que a prazo, até ao final da presente legislatura, a própria JS possa apresentar um projeto de lei contra as touradas em Portugal.

No Grupo Parlamentar do PS, segundo fontes socialistas, também o coordenador para as questões do trabalho, Tiago Barbosa Ribeiro, assim Hugo Carvalho e Diogo Leão se manifestam a favor dos diplomas que visam proibir a concessão de apoios públicos a atividades e espetáculos tauromáquicos.

Os argumentos da corrente anti-touradas dentro da bancada do PS, de acordo com outras fontes socialistas, terão sido "contestados" por deputados como os antigos ministros Jorge Lacão e Constança Urbano de Sousa, mas também por Ascenso Simões e, sobretudo, pela ex-presidente da Câmara de Vila Franca de Xira Maria da Luz Rosinha, também membro do Secretariado Nacional do PS.

Jorge Lacão advertiu mesmo que uma eventual proibição da concessão de apoios públicos a espetáculos tauromáquicos "colide com a Constituição da República, que garante a autonomia do Poder Local".

Ascenso Simões referiu-se às tradições ancestrais de muitos destes eventos, como a luta de bois em Montalegre, enquanto o secretário nacional para a Organização do PS, Hugo Pires, considerou que, se este partido estivesse envolvido na abolição das touradas, tal teria como consequência uma inevitável rutura com vários presidentes de câmaras socialistas nas próximas eleições autárquicas.

No essencial, os diplomas que serão votados na sexta-feira defendem que os espetáculos tauromáquicos e todas as atividades ligadas à tauromaquia devem ficar isentas de financiamento por quaisquer entidades públicas, nomeadamente Governo, autarquias, institutos públicos ou empresas participadas pelo Estado.

No debate realizado em plenário, na terça-feira, a dirigente socialista Maria da Luz Rosinha defendeu o direito de as autarquias continuarem a financiar este tipo de atividade e advogou que "o acesso às artes deve ser igual para todos os cidadãos".
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