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Marcelo: "O povo vai escolhendo com bom senso o 25 de Abril que quer"

Presidente da República defendeu perante a Assembleia da República que por mais "desilusão e frustração" que possa existir em democracia, esta permite algo que a ditadura nunca permitira: "a possibilidade de criar caminhos diversos" e "da mudança".

Tiago Petinga / Lusa
25 de Abril de 2023 às 13:29
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O Presidente da República defendeu esta terça-feira a vitalidade do 25 de Abril, mesmo que a democracia possa por vezes trazer "desilusão e frustração". "O povo vai escolhendo com sentido de Estado, com bom senso, moderação e boa educação ao longo do tempo o 25 de Abril que quer", afirmou, durante o seu discurso na sessão solene do 49.º aniversário do 25 de Abril.

"Há aqueles que consideram que o 25 de Abril de hoje não só é imperfeito, como é frustrante, por razões que não só se prendem com o regresso a um passado impossível, que tem a ver com o 25 de Abril que os mais velhos sonharam e que não se concretizou ou que só se concretizou em parte. E têm alguma razão, porque em todas as revoluções não houve uma revolução, houve várias, e essas conheceram sucessos diferentes em tempos diferentes", referiu.

Mas apesar das frustrações que vão surgindo e que, disse, se renovam por vezes a cada ato eleitoral, "nuns casos tendo levado à permanência da legislatura, noutros, mais raros, porque mais pesados, à sua redução", Marcelo referiu que a democracia traz "sempre a possibilidade de criar caminhos diversos".

E, por isso, além de um tempo de reflexão, este 50.º ano de democracia que agora começa, "é também um tempo de esperança", considerou. "Porque a liberdade e democracia, mesmo quando trazem desilusões, nos dão esperança que a ditadura não tolera, que é a esperança na mudança", assegurou, defendendo que o "pluralismo é crucial, faz parte da essência da democracia e em ditadura nunca existiria".

Durante o discurso, o Presidente da República realçou o privilégio de ter o presidente brasileiro, Lula da Silva, no hemiciclo português. "Este 25 de Abril tem de especial o podermos ter tido cá o presidente do Brasil. Faz todo o sentido o encontro de hoje porque é uma das componentes de sempre, precisamente porque uma das componentes do 25 de Abril se chamou descolonização e faz sentido termos tido este ano entre nós quem foi pioneiro, percursor, na descolonização 200 anos antes: o Brasil", disse, em jeito de crítica ao Chega, que durante a intervenção de Lula da Silva no Parlamento - ainda antes da sessão solene no 25 de Abril - exibiu cartazes com a frase "lugar do ladrão é na prisão". 

Salientou ainda a necessidade de ser "mais solidário" com os imigrantes, dizendo-se incapaz de compreender como é que um país, que é "pátria da emigração" consegue "ser egoísta perante os dramas dos imigrantes que são dos outros". Esta referência - uma crítica evidente a quem reivindica menos acolhimento de imigrantes - mereceu ao chefe de Estado aplausos de praticamente todas as bancadas, tendo o Chega sido o único a não aplaudir. 

"É um grande momento para partilharmos o 25 de Abril agradecendo o que recebemos. Que este 25 de Abril seja um momento da evocação da democracia que ele tornou possível", concluiu.

Notícia atualizada às 13h43

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