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Marcelo defende que é urgente reformar sistemas político, económico e social "gastos"

O Presidente da República defendeu hoje que é urgente reformar os sistemas político, económico e social, que no seu entender estão "gastos" e "lentos" face às mudanças, "enquistados nos seus umbigos autorreferenciais".

BENOIT TESSIER
16 de Setembro de 2020 às 17:54
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"Necessitamos de dar uma vida nova a sistemas económico, social e político gastos, lentos em apreender o que foi mas já não é nem realidade externa nem realidade interna, e enquistados nos seus umbigos autorreferenciais. Tenho vindo há anos a prevenir para o vazio que deixam e, como tudo na vida, outros se encarregarão de tentar preencher", afirmou o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou esta mensagem na abertura solene do ano letivo 2020/2021 do Instituto Universitário Militar, em Lisboa, a propósito dos efeitos da pandemia de covid-19, e insistiu na necessidade de reforçar a coesão social no atual contexto.

A meio do seu discurso, de cerca de meia hora, o chefe de Estado começou por falar em termos gerais sobre a forma como, no seu entender, a pandemia está "a acelerar reflexões e sobretudo ações", incluindo "na urgente e cronicamente atrasada reforma dos sistemas políticos económicos e sociais".

Segundo o Presidente da República, verifica-se uma "incapacidade dos sistemas políticos, incluindo órgãos dos poderes políticos, sistemas partidários e parceiros económicos e sociais, de acompanharem a natureza e o ritmo das mutações em curso".

"Neste quadro, a educação, toda ela, e o ensino superior, em especial, sofrerão inevitáveis alterações, e o que parecia pioneiro há uma dúzia de anos rapidamente passou ou vai passar a obsoleto", anteviu.

De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, "a crise económica e social que já se iniciou, bem diferente das anteriores", suscita também "questões graves de coesão social etária, funcional e territorial indisfarçáveis para os sistemas sociais de saúde e segurança social, que vivem tantas das vezes paredes meias quase se ignorando".

Falando em concreto sobre o caso português, o chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas apontou como "desígnio nacional" o papel de "plataforma singular entre culturas, civilizações, oceanos e continentes".

"Para tanto, precisamos de mais saber e de maior coesão social, de maior aposta nas avenidas da inovação e da criatividade, na ciência, na tecnologia, na natureza, no digital, no humano", acrescentou.

"Para tanto, necessitamos de dar uma vida nova a sistemas económico, social e político gastos, lentos", prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que "esses sistemas podem ainda e devem ainda aprender com as Forças Armadas e o universo militar", por exemplo, "na disponibilidade integral para servir desinteressada e abnegadamente".

Em relação ao Instituto Universitário Militar (IUM), o Presidente da República apontou "o doutoramento tão laboriosamente concebido e posto de pé" como um marco de "maturidade" que "motivo de orgulho nacional", mas que lhe coloca mais exigências.

Marcelo Rebelo de Sousa realçou que "a academia não existe para ela mesma, mas para a comunidade" e incluiu entre os desafios do IUM "estruturar e qualificar as relações com as mais diversas e as melhores instituições de ensino superior nacionais e internacionais, militares e não militares".

Antes, também o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, sustentou que "ao IUM e aos centros de investigação a ele associados é exigido que congreguem esforços e ganhem dimensão, para poder trabalhar com os seus congéneres europeus, para criar pontes com outros de investigação e com o setor industrial nacional, com as universidades".

"São muitos os desafios, mas sinto que o entusiasmo e a capacidade desta casa estão plenamente à altura de lhes dar a devida resposta", declarou o ministro.
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