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Marcelo considera que Costa lhe criou um problema com as palavras na Autoeuropa

Segundo o Presidente da República, António Costa disse "uma coisa", mas "o que foi entendido foi outra" e, independentemente dessas declarações, "haveria sempre candidaturas à direita".

12 de Janeiro de 2021 às 07:54
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O Presidente da República e recandidato ao cargo, Marcelo Rebelo de Sousa, afirma que teria evitado as palavras do primeiro-ministro na Autoeuropa sobre a sua reeleição, considerando que António Costa lhe criou um problema.

Marcelo Rebelo de Sousa recorda este momento, passados oito meses, em entrevista ao 'podcast' "Perguntar Não Ofende", de Daniel Oliveira e João Martins, gravada na segunda-feira e hoje divulgada, e conta que o primeiro-ministro lhe disse no bar da Autoeuropa que estava "com uma ideia" para a intervenção que iria fazer.

Questionado se ficou agradado ou desagradado com as palavras de António Costa, responde: "Eu devo dizer que evitava. Por mim, eu evitava aquilo. Se ele, por exemplo, me tivesse perguntado: olhe, o que é que acha de eu dizer isto? Eu dizia: não diga, não diga, porque é um problema".

"E depois eu disse, salvo erro, uma coisa assim: ó senhor primeiro-ministro, pode ter resolvido um problema seu, e não sei se resolveu, mas criou-me um problema. Mas ele sorriu, enfim. Não sei se ele resolveu um problema dele, não é líquido que tenha resolvido, mas criou-me genericamente um problema", acrescenta o chefe de Estado, que entretanto recebeu o apoio de PSD e CDS-PP como candidato presidencial.

Interrogado se não considera que António Costa contribuiu para que fosse visto por pessoas de direita como um candidato do PS, Marcelo Rebelo de Sousa concorda: "É evidente, mas eu percebi isso no momento em que ele falou. Estava feito. No momento em que ele falou estava feito, e eu não tinha podido evitar".

No dia 13 de maio do ano passado, após 45 dias de estado de emergência devido à pandemia de covid-19, durante uma visita conjunta à Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, no distrito de Setúbal, o primeiro-ministro, António Costa, manifestou a vontade de regressar àquela fábrica com Marcelo Rebelo de Sousa já num segundo mandato presidencial, contando, portanto, com a sua recandidatura e reeleição.

"Nós vamos ultrapassar esta pandemia e os efeitos económicos e sociais este ano, no ano que vem, nos anos próximos. E eu cá estarei, e cá estaremos todos, porque isto é um espírito de equipa que se formou e que nada vai quebrar. Cá estaremos este ano e nos próximos anos a construir um Portugal melhor", afirmou, em seguida, o Presidente da República, que só viria a anunciar a sua recandidatura ao cargo em 07 de dezembro.

Nesta entrevista ao 'podcast' "Perguntar Não Ofende", Daniel Oliveira introduz o episódio da Autoeuropa perguntando a Marcelo Rebelo de Sousa se "o apoio oficioso de António Costa à sua candidatura não foi um favor que fizeram a André Ventura colando uma candidatura do campo da direita, que ainda nem sequer tinha sido anunciada, ao PS".

"Isso é pergunta que tem de colocar ao primeiro-ministro", responde o candidato.

"Eu conto-lhe como é que foi. Estávamos a sair da Autoeuropa, fomos ao bar", relata Marcelo Rebelo de Sousa, referindo que um administrador da fábrica os convidou para um almoço que "já não calhava no mandato presidencial em curso".

"E o primeiro-ministro disse: ah, vimos cá almoçar, com certeza. Depois eu disse: olhe, isso é para além do tempo do mandato. E ele não disse nada, e daí a bocadinho disse-se assim: estou aqui com uma ideia, vou usar da palavra, eu tenho aqui uma ideia. Eu comecei logo a pensar que ideia teria o primeiro-ministro, porque ele é muito rápido, mas nem todas as ideias são exatamente coincidentes com as minhas", prosseguiu.

Segundo o Presidente da República, António Costa disse "uma coisa", mas "o que foi entendido foi outra" e, independentemente dessas declarações, "haveria sempre candidaturas à direita".

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