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Marcelo acredita em "último" estado de emergência e alerta contra "morrer na praia"

O Presidente da República diz esperar que esta seja a última renovação do estado de emergência e justifica o novo prolongamento pela necessidade de continuar os esforços em abril para ganhar maio, assegurando tempo ao Governo para preparar medidas de reabertura da economia. Marcelo avisa que é preciso evitar "morrer na praia".

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16 de Abril de 2020 às 20:22
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À imagem do primeiro-ministro, também Marcelo Rebelo de Sousa espera que esta seja a "última renovação do estado de emergência", porém o Presidente da República recusa precipitações decorrentes do sucesso até aqui observado na contenção da pandemia e do cansaço inerente às medidas restritivas em vigor para não haver risco de se "morrer na praia". O chefe de Estado espera que as próximas duas semanas adicionais em regime de exceção permitam ao Governo preparar atempadamente o regresso gradual à normalidade. 

"Estamos, agora, mais próximos do fim de abril, o mês decisivo para ganharmos a segunda fase. E estamos a ganhar essa segunda fase", começou por afirmar na declaração ao país, já depois de o Parlamento ter aprovado o prolongamento do estado de emergência até 2 de abril. 

Depois, Marcelo desfiou as vitória alcançadas durante a emergência vivida nas duas últimas semanas: uma Páscoa em "contenção reforçada"; a não vinda dos emigrantes nesse período; a redefinição do calendário escolar, que não sendo a ideal foi a "possível";assegurar que os indultos por razões humanitárias não abrangeriam "crimes merecedores de especialíssimo ou especial juízo de censura social"; manter a descida da taxa de crescimento de contágio e fixá-la em menos de uma contaminação por pessoa infetada; e retoma gradual da atividade económica com várias empresas e indústrias a juntarem-se àquelas que "nunca tinham parado". 

"Tempo e espaço" para o Governo preparar regresso à normalidade
O Presidente da República apontou de seguida as "três razões essenciais" que o levaram a decidir pela proposta de renovação do regime de exceção. A primeira prende-se com a "tarefa nos lares" que apesar dos esforços encetados "precisa de mais algum tempo", designadamente para "detetar, despistar, isolar e preservar" - "consolidar essa tarefa, em clima de contenção, ainda é imperativo".

Em segundo lugar, Marcelo sustentou que apesar de Portugal continuar abaixo dos 20 ou 30 mil, cenário que admitiu há 15 dias, e de sermos "o quarto país da Europa que mais testa por milhão de habitantes",  é necessário "continuar a estabilizar o número diário de internamentos, em geral, e de internamentos nos cuidados intensivos, em especial". O Presidente quer assim assegurar plena capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde. 

O terceiro argumento apresentado, "porventura o mais relevante", passa por assegurar "tempo e espaço ao Governo para definir critérios", após o final de abril, com vista a uma "abertura gradual da sociedade e da economia", tendo em conta o "tempo, modo, territórios, áreas e setores". Ou seja, Marcelo está alinhado com a ideia apresentada, horas antes, pelo primeiro-ministro, António Costa, no Parlamento, ao abrir a porta a uma reabertura da vida económica e social a várias velocidades.

Em todo o caso, o residente em Belém fez questão de dizer que este regresso paulatino a vida em sociedade tem de ser feito respeitando uma "preocupação essencial", assente na necessidade de conferir "segurança e confiança" aos portugueses para que possam retomar as suas vidas sem "passos precipitados ou contraproducentes".

Resistir às tentações
Reiterando a ideia diversas vezes reproduzida de que em abril era preciso ganhar maio, Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu como normal que ao fim de um mês de restrições surjam sinais de "cansaço" e uma "sensação de que o pior já passou", o que "convida a facilidades tentadoras". 

Como tal, o Presidente deixa o alerta: "Temos de lhes resistir. Temos de evitar a desilusão de, por precipitações em abril, deitarmos a perder maio", afirmou notando que sendo "verdade que bastante está a ser ganho, ainda nos falta porventura o mais difícil". "Não queremos morrer na praia", atirou. 


E irá maio "corresponder às expetativas suscitadas", questionou em tom retórico: "Conhecem a resposta, tudo dependerá do que conseguirmos alcançar até ao fim de abril". O Presidente lembrou que a 28 de abril haverá nova reunião dos representantes dos órgão de soberania com os especialistas em saúde pública, momento para avaliar em que medida maio poderá ser o mês do início do fim das restrições. 

Marcelo apontou ainda à terceira fase da luta contra a pandemia, que poderá já ser travada em maio, que "tem de ser o mês dessa ponte entre o dever e a esperança".

Após reconhecer a "unidade" demonstrada por mais variados decisores políticos e líderes partidários, e depois de a votação parlamentar desta tarde ter já mostrado uma maior divisão quanto à necessidade de prolongamento do estado de emergência, com as críticas ao Governo a subirem de tom, Marcelo antecipou que os tempos vindouros serão de maior acrimónia. No entanto não perdeu a oportunidade de deixar um elogio para a posteridade.

"Mesmo os que hoje divergem, no primeiro e decisivo momento não se opuseram. E é isso que ficará para a História."


(Notícia atualizada)
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