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Francisco José Viegas: "Os intelectuais sofrem permanentemente de síndrome de Estocolmo"

O escritor e editor português considera que é compreensível que os intelectuais "estejam situados à esquerda" e frisa que isso acontece "por culpa quase absoluta da direita".

09 de Fevereiro de 2022 às 12:00
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Francisco José Viegas prefere chamar-lhe "o estado das coisas". O escritor e editor português entende que, "do ponto de vista do debate intelectual, estamos a funcionar como uma república egocêntrica" e que em Portugal "há um grande problema" na formação da opinião pública.

O também ex-secretário de Estado da Cultura frisa que "estamos demasiado centrados no imediato, o que nos leva a uma flutuação tremenda nas opiniões dos intelectuais e da sua capacidade de intervenção".

"O comportamento dos intelectuais ao longo dos últimos 200 anos é sempre muito permeável ao poder e fascínio do Estado", explica, adiantando que "os intelectuais têm sempre uma relação muito conflituosa com as ideias liberais" e que, por isso, são também "muito capturáveis pelo Estado e pelo poder".

Para o ex-secretário de Estado da Cultura, é natural que "na maior parte dos casos [os intelectuais] estejam situados à esquerda". E isso acontece, explica, "por culpa quase absoluta da direita e do que tem sido a tradição política das direitas no sul da Europa".

A liberdade e a sociedade foram o ponto de partida do próximo episódio das Conversas Visíveis, em que Francisco José Viegas é conduzido no debate pelos colunistas da Mão Visível Jorge Marrão e Paulo Carmona.

Para o escritor, "frequentemente não valorizamos o papel da liberdade, a sua importância, o seu desígnio e a sua existência". "A sociedade em geral tem uma tendência que é particularmente funesta, que é o desvalorizar os ataques à liberdade."

E a proximidade da elite intelectual e académica à esquerda, aponta, cria uma lógica de dependência. "Os intelectuais sofrem permanentemente de síndrome de Estocolmo. Há sempre uma tendência de se aprisionarem", diz Francisco José Viegas no próximo episódio das Conversas Visíveis, que será publicado esta quinta-feira, dia 10 de fevereiro.

Na mesma conversa, o editor liga também esta desvalorização das liberdades aos ciclos políticos que o país vive. "Assistimos muitas vezes a uma certa desvalorização das liberdades. É aflitivo o que aconteceu durante o segundo governo de José Sócrates, em que havia uma ameaça crescente à liberdade de informação. E acontece sempre que há maiorias absolutas, que é uma situação em que estamos agora a entrar", destacou.

O que são as Conversas Visíveis?

As Conversas Visíveis são um projeto que é complementar da Mão Visível, o espaço de opinião que junta Álvaro Nascimento, António Nogueira Leite, Joaquim Aguiar, Jorge Marrão e Paulo Carmona. A cada quinze dias, dois destes colunistas vão conduzir um entrevistado pelos "mistérios da estrada da democracia em Portugal".

 

As Conversas Visíveis procuram identificar o que está na sombra da política, o que se esconde nos discursos e nas decisões, mas que acabará sempre por se revelar na realidade efetiva das coisas. O compromisso assumido pela equipa da Mão Visível é o de que irá falar sobre as sombras e os mistérios da democracia portuguesa, onde se escondem os fatores que geram endividamento sem estimularem crescimento, onde se agravam as desigualdades sociais e onde persiste o crescimento da despesa pública e da expansão de funções do Estado.

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