O candidato único à presidência da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, foi reeleito para um segundo mandato no segundo mais relevante cargo do ordenamento constitucional.

O deputado socialista recebeu 178 votos a favor, 44 brancos e oito nulos. Honrado por uma eleição que mostrou uma "confiança renovada e multiplicada", Ferro Rodrigues comprometeu-se a ser o "presidente de todas e todos os deputados".

De seguida homenageou os dois socialistas que o precederam e que, tal como ele próprio, foram reconduzidos nestas funções, Almeida Santos e Jaime Gama.

Ferro sustentou que nas eleições de 6 de outubro os portugueses demonstraram atribuir uma "centralidade muito clara da Assembleia da República", dado que "não quiseram maiorias absolutas porque perceberam que não são a única via para a estabilidade política".

A chegada de novas forças ao Parlamento, em particular com a eleição do Chega, uma força com um discurso anti-sistema, levou Ferro a defender que "ninguém se deve pôr de fora da cultura de diálogo", alertando para o "perigo" que representam os "poderes fáticos e inorgânicos".

Por fim, Ferro Rodrigues sinalizou a emergência climática como um "problema que emerge de forma incontornável", pelo que revelou que vai levar à conferência de líderes que decorre ainda esta tarde um "programa de iniciativas para a legislatura de resposta" a esse desafio.

Dos dez partidos representados no Parlamento, apenas falaram reagiram à eleição de Ferro Rodrigues os sete que dispõem de grupo parlamentar (PS, PSD, Bloco, PCP, CDS, PAN, PEV).

Em traços gerais, todos felicitaram o presidente da Assembleia pela reeleição, porém, a líder parlamentar centrista, Cecília Meireles destoou ao pedir a Ferro para se lembrar sempre "dessas palavras".

As palavras foram o compromisso enunciado por Ferro Rodrigues de que será o "presidente de todas e todos os deputados". Antes, o PSD, pela voz do ainda líder parlamentar, Fernando Negrão, não apresentou dúvidas sobre a capacidade de Ferro desempenhar o cargo com independência.

Com os trabalhos em plenário dados por terminados, seguiu-se a eleição dos restantes membros da Mesa da Assembleia e respetivo conselho de administração.

Antes da votação para a liderança do Parlamento, o deputado do PS, Pedro Delgado Alves, anunciara que o também socialista Filipe Neto Brandão foi eleito presidente da Mesa da Comissão Eventual de Verificação de Poderes, tendo o socialista democrata Carlos Peixoto e o bloquista José Manuel Pureza sido escolhidos vice-presidentes. Já o próprio Pedro Delgado Alves ficou como relator.