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Durão Barroso: "Temos de estar preparados para o pior ainda que desejemos o melhor"

O ex-presidente da Comissão Europeia diz que Putin não aceita uma Ucrânia independente e apela à intensificação da aliança entre a União Europeia e a Nato

# Porque Desce - A sua ligação ao Goldman Sachs fez Durão Barroso subir no 'ranking' dos Mais Poderosos do Negócios em anos anteriores. No entanto, as dúvidas demonstradas nomeadamente pela provedora de Justiça da União Europeia limitam a sua margem de acção. Tudo o que faz e todas as reuniões que tenha serão olhadas à lupa. O Goldman Sachs terá também um novo presidente, o que, para já, motiva dúvidas sobre as mudanças que poderá operar no banco mais poderoso do mundo.
reuters
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O ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, lançou esta segunda-feira a sua intervenção numa conferência da Gulbenkian sobre a invasão da Ucrânia com um episódio que remonta a 2014, quando a Crimeia foi anexada pela Rússia.

Durão Barroso afirma que em 2014 confrontou Putin sobre o assunto, e o que o presidente russo terá dito que o estava na Crimeia "não eram tanto as forçar armadas" russas mas apenas "alguns russos que estavam ali na vizinhança" e que tinham sido chamados a ajudar na Crimeia.

"E acrescentou dizendo que se fossem as forças armadas russas ele me podia garantir que em menos de duas semanas as forças tomariam Kiev", afirmou.

De acordo com o ex-presidente da Comissão Europeia, a informação foi transmitida ao Conselho Europeu e acabou por ser publicada num jornal italiano. O Kremlin terá alegado, segundo descreve, que as palavras de Putin foram "retiradas de contexto".

Durão Barroso considera que Putin "quer evitar a todo o custo uma Ucrânia independente" e ocidentalizada, a ponto de se ter oposto, por essa altura, a um "acordo de associação" entre a União Europeia e a Ucrânia.

As razões pelas quais Putin avança agora neste objetivo, e ainda no objetivo da redefinição das fronteiras ucranianas, defende, terão a ver com o facto de considerar que a Rússia está mais forte depois da Síria, com mais capacidade militar e reservas financeiras, e que o Ocidente e os Estados Unidos estão mais fracos depois do Afeganistão.

Além disso, o ex-presidente da Comissão Europeia admite que as posições do anterior presidente dos Estados Unidos possam ter incentivado Putin a invadir um país que estava à "órbita de influência" russa.

Durão Barroso sublinha que considera que nem tudo correu "como Putin previa", referindo-se à resistência da Ucrânia, à mobilização das opiniões públicas por parte de Zelensky, à "notável unidade europeia e grande convergência entre União Europeia e Estados Unidos", e às sanções "sem precedentes" e do isolamento diplomático da Rússia.

NATO e União Europeia "precisam uma da outra"

Neste cenário "é importante que haja vonta de para persistir" e demontrar "persistência e determinação estratégica" também no médio e longo prazo.

Depois da invasão, houve uma "mudança de paradigma", com a Alemanha a "mudar de rumo" e a aceitar envio de material de guerra para uma zona em conflito, reforçar o orçamento da defesa (2% do PIB) e a aproximação de posições entre a NATO e a União Europeia.

"A NATO e União Europeia precisam uma da outra e isso vai ser declarado em breve, formalmente, numa declaração conjunta que está a ser preparada", disse.

No entanto, acrescentou, "uma Rússia cada vez mais dependente da China poderá significar um processo de desglobalização. Se as coisas continuarem neste sentido podemos ter um mundo dividido em dois."

"Temos de estar preparados para o pior ainda que desejemos o melhor", afirmou.

Antes de ter sido presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso foi primeiro-ministro português. A sua intervenção a nível internacional ficou marcada por ter apoiado na altura (2003), na Cimeira das Lajes, a invasão do Iraque.

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