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Das estrelas e avisos sombrios a um Trump 'omnipresente' na convenção republicana
Duas das estrelas em ascensão fecharam com uma visão otimista o primeiro dia da Convenção Nacional Republicana, marcada sobretudo por avisos sombrios e por um Donald Trump 'omnipresente'.
Enquanto muitos republicanos aproveitaram os seus discursos para preverem um "filme de terror" nacional caso Donald Trump perca as eleições em novembro, o senador Tim Scott e a ex-embaixadora na ONU Nikki Haley procuraram dar as boas-vindas a novos eleitores para ajudar a ampliar a base de apoio do candidato e atual Presidente.
Scott, o único senador negro do Partido Republicano, começou por criticar o candidato democrata e ex-vice-Presidente de Barak Obama, Joe Biden.
"Joe Biden disse que se um homem negro não votasse nele, é porque não era realmente negro. Joe Biden disse que os negros são uma comunidade monolítica", acusou.
O senador reconheceu que os afro-americanos às vezes são vítimas da brutalidade policial, mas depois disse: "A verdade é que o arco da nossa nação sempre se inclina para a justiça. Não estamos totalmente onde queremos... mas graças a Deus não estamos onde costumávamos estar", sustentou.
Uma ideia em sintonia com as declarações da ex-embaixadora na ONU: "Eu era uma garota morena num mundo preto e branco", disse Haley, sublinhando que enfrentou discriminação, mas rejeitando a ideia de que "a América é um país racista".
Ao mesmo tempo, falou para o movimento "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam): "claro que sabemos que cada vida negra é valiosa".
Contudo, os esforços para se atingir um tom mais otimista na convenção foram frequentemente ofuscados pelas acusações de que Biden destruiria os Estados Unidos, permitindo que as comunidades fossem invadidas pela violência.
O deputado Matt Gaetz, da Florida, comparou a perspetiva da eleição de Biden a um filme de terror.
"Eles vão desarmar-vos, esvaziar as prisões, trancar-vos em casa e [vão] convidar o MS-13 para morar ao lado", declarou Gaetz, numa alusão a um gangue formado principalmente por salvadorenhos que atua nos Estados Unidos e na América Central.
A convenção do Partido Republicano marca um momento crucial para Trump, um Presidente que está a terminar o primeiro mandato, mas que está a perder na maioria das sondagens.
Um profundo sentimento de pessimismo parece ter-se instalado no eleitorado dez semanas antes do dia da eleição. Apenas 23% dos norte-americanos acham que o país está a seguir a direção certa, de acordo com uma nova sondagem realizada em conjunto pela agência de notícias Associated Press (AP) e pelo Centro de Investigação de Assuntos Públicos (NORC).
Trump, cujo discurso principal estava previsto apenas para o final da semana, fez várias aparições públicas durante o primeiro dia da convenção de quatro dias.
"A única maneira de eles nos tirarem esta eleição é se for através de uma eleição fraudulenta", disse Trump a centenas de delegados republicanos reunidos na Carolina do Norte, levantando novamente preocupações sobre o voto por correspondência durante a pandemia, apesar dos especialistas afirmarem que este se mostrou sempre extremamente seguro.
Alguns membros republicanos estão preocupados com a ideia de que os Estados Unidos estejam a sofrer de 'fadiga de Trump', mas o Presidente não abdicou do palco.
Na segunda-feira, surgiu disponível para as homenagens dos apoiantes, assistiu a imagens triunfais da sua presidência e a anúncios de ataque a Biden. E por diversas vezes incluiu-se no programa do evento, o que tudo indica deverá repetir-se nos próximos três dias.
A convenção republicana ocorre no momento em que mais de 177 mil norte-americanos morreram com covid-19 e mais de 5,7 milhões foram infetados, com a pandemia a causar um grande impacto na economia e na taxa de desemprego.
Um dos vários afro-americanos incluídos na programação da convenção, a ex-estrela do futebol norte-americano Herschel Walker, defendeu o Presidente daqueles aqueles que o apelidam de racista.
"Dói-me a alma ouvir os nomes terríveis que as pessoas chamam a Donald [Trump]", disse. "O pior é racista. Eu considero um insulto pessoal que as pessoas pensem que eu teria uma amizade de 37 anos com um racista", acrescentou.
A convenção republicana também contou com a presença de Mark e Patricia McCloskey, o casal de St. Louis que foi detido após apontar armas para manifestantes do "Black Lives Matter" que passavam pela casa onde residem.
"Os democratas já não olham para o trabalho do Governo focado em proteger cidadãos honestos dos criminosos, mas sim em proteger criminosos dos cidadãos honestos", acusou o casal, para acrescentar: "Não se enganem: não importa onde moram, as suas famílias não estarão seguras na América democrata radical".
A Convenção Nacional Republicana começou nesta segunda-feira, durante a qual será oficializada a nomeação de Donald Trump como candidato do partido à reeleição nas eleições de novembro.