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Costa: Relações com Moçambique não podem ficar "paralisadas" por causa das dívidas ocultas

O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, defendeu esta quinta-feira que as relações com Moçambique não podem ficar paralisadas por causa de ainda não estar concluída a investigação às dívidas ocultas do Estado moçambicano.

António Silva/Lusa
05 de Julho de 2018 às 22:04
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"São temas da Justiça moçambicana, não me compete estar aqui a comentar", referiu António Costa, acrescentando que os dois países não podem ficar "paralisados num passado". "O futuro está aí e é para o futuro que temos de olhar", disse o primeiro-ministro, questionado pelos jornalistas após um cocktail com cerca de 200 empresários portugueses em Maputo, no âmbito de uma visita oficial de dois dias.

 

O chefe do Governo português conversou com representantes de empresas de várias áreas de actividade, que, segundo referiu, têm "resistido" à crise em Moçambique, de 2016 para cá, agravada pelas dívidas não declaradas do Estado de cerca de dois mil milhões de dólares.

 

O destino do dinheiro continua por apurar, num escândalo que levou os principais doadores estrangeiros (entre os quais, o Estado português) a abandonarem o apoio directo ao Orçamento do Estado há dois anos.

 

Hoje, pegando no exemplo das empresas portuguesas naquele país africano, António Costa defendeu como "absolutamente essencial" que Portugal tenha com Moçambique "uma relação com o nível de confiança que estas empresas têm tido". "É isso que permite ultrapassar de forma saudável situações anteriores, de forma a que elas não se repitam, mas também para garantir que não ficamos paralisados num passado", referiu.

 

Olhando para o futuro e falando sobre os estímulos à actividade empresarial portuguesa, António Costa destacou a activação de instrumentos financeiros, tais como linhas de crédito, "que ajudam a desbloquear algumas situações" de investimento.

 

Sublinhou ainda um "reforço do plano estratégico para a cooperação, de 64 para 202 milhões de euros: é uma contribuição importante e temos que trabalhar com as empresas e autoridades para que se encontrem soluções" para a  cooperação económica luso-moçambicana.

 

"A mensagem de Moçambique foi clara: tem apreço pelas empresas portuguesas, pela forma como têm conseguido resistir" e revela "ambição de virar a página, de se lançar a um conjunto de infra-estruturas absolutamente estruturais para uma economia mais sustentável e menos dependente de crises externas", sublinhou.

 

No cocktail, uma das presenças foi a do vice-presidente do PSD Nuno Morais Sarmento, que afastou, contudo, quaisquer razões político-partidárias para a sua presença no evento com o primeiro-ministro português.

 

Sarmento salientou que tem negócios em Moçambique há 15 anos, por via do seu escritório de advogados, e mais recentemente com uma participação num pequeno projecto hoteleiro.

 

Políticas à parte, o vice-presidente do PSD elogiou a visita de António Costa, que considerou ter, tal como o ministro Augusto Santos Silva, "uma leitura da realidade africana" e saudou que não haja em relação a Moçambique "qualquer irritante", como aconteceu no caso de Angola.

 

Antes do 'cocktail' com cerca de duas centenas de empresários, no hotel de Maputo onde ficou alojado, Costa visitou durante a tarde o Porto de Maputo e a Sociedade Industrial de Pescas, onde teve oportunidade de ver como são conservados e embalados alguns tipos de marisco, uma das principais exportações do país.

 

"A próxima vez que estiver num supermercado, já sei", afirmou o primeiro-ministro, no final da visita, onde até teve de vestir um anoraque para resistir às baixas temperaturas da arca frigorífica onde são guardados os crustáceos.

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