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Costa apreensivo com impacto da permeabilidade do PPE no futuro da Europa

O primeiro-ministro, António Costa, mostrou-se preocupado com a permeabilidade do Partido Popular Europeu "ao canto de sereia" de Matteo Salvini e do grupo de Visegrado, assumindo esperar que o compromisso hoje alcançado reforce Angela Merkel.

EPA
02 de Julho de 2019 às 21:29
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Em conferência de imprensa, após a conclusão do Conselho Europeu, António Costa reconheceu que a dificuldade sentida pelos líderes do 28 para fechar a negociação sobre o 'pacote' das nomeações para os altos cargos da União Europeia "seguramente não é bom sinal", e revelou a sua apreensão com os efeitos do "canto de sereia" de Salvini, ministro do Interior de Itália, e do grupo constituído por Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia.

 

"O que acho que é verdadeiramente mais preocupante naquilo que aconteceu ao longo destes dias é constatar a fragmentação interna numa das grandes famílias políticas e a sua fragilidade e permeabilidade à pressão de minorias de bloqueio. Isso é mesmo o fator mais preocupante para o futuro da Europa. Espero que esta solução tenha, pelo menos, o mérito de reforçar quem nessa família política, ao longo de mais de uma década, tem assegurado a capacidade de ser um motor positivo na construção do projeto europeu", disse.

 

O primeiro-ministro referia-se à chanceler alemã, que durante os três dias da cimeira europeia enfrentou a 'rebelião' dos seus colegas do Partido Popular Europeu (PPE), que se uniram ao grupo de Visegrado e à Itália para 'vetar' a proposta desenhada em Osaka por Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, e o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, que 'entregava' a presidência da Comissão Europeia ao socialista holandês Frans Timmermans.

 

Após insistir reiteradamente no facto de o pacote hoje aprovado pelo Conselho Europeu, que indicou a ministra alemã da Defesa, Ursula von der Leyen, para a presidência da Comissão Europeia, reforçar "a senhora Merkel", António Costa considerou não haver uma contradição entre o reforço da chanceler alemã e o reforço da Europa.

 

Nesse sentido, e apesar de, enquanto negociador dos socialistas europeus, não ter 'convencido' os seus homólogos europeus a indicar Timmermans para a presidência da Comissão, o líder do Governo português disse sair de Bruxelas "confortado" por constatar que "essa minoria", integrada pelos Visegrado e Itália, não consegue bloquear a Europa no seu conjunto.

 

"Fico também confortado que nenhum desses países saiu recompensado do bloqueio que introduziram e que, portanto, não houve um benefício do infrator", acrescentou, reiterando que "foi muito importante que a Europa não tenha ficado bloqueada nas sua capacidade de decisão" e que o conjunto das instituições possa a funcionar no tempo previsto.

 

Embora tenha reconhecido que é "efetivamente verdade que por duas vezes", os socialistas tiveram acordos concluídos que permitiam "melhores resultados e nomeadamente a presidência da Comissão", Costa garantiu não sentir-se sinto frustrado com o desfecho da negociação, que entregou o executivo comunitário a Ursula von der Leyen (PPE), o Conselho Europeu ao belga Charles Michel (Liberal), o cargo de Alto Representante para a Política Externa ao espanhol Josep Borrell e a presidência do Banco Central Europeu à francesa Christine Lagarde.

 

"Acho que apresentámos um bom candidato, uma pessoa com provas dadas quer a nível nacional, quer a nível europeu, que foi responsável na Comissão pela afirmação muito clara dos valores do Estado de Direito, da independência judicial e dos valores da Europa e que foi aqui objeto de retaliação por esse facto. Se tivesse sido rejeitado por ser incompetente, por ser inexperiente e não ter qualidades para o lugar, sentir-me-ia incomodado", sublinhou, considerando ser "uma honra para Frans Timmermans os motivos para não ter sido presidente da Comissão ter sido estar do lado certo da batalha".

 

O primeiro-ministro considerou que o resultado final é satisfatório para os socialistas europeus que, cinco anos depois, com menos representantes no Conselho, e com um novo xadrez com três famílias políticas, manteve os mesmos cargos.

 

"Sinto-me satisfeito por ter havido uma decisão final, por cada uma das escolhas ser em si própria boa, por ter havido uma escolha equilibrada em termos de género, regiões e políticos", sintetizou.

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