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Catarina Martins diz que Passos está a ser igual a si próprio ao defender Altice
A coordenadora do BE, Catarina Martins, acusou hoje o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, de escolher estar ao lado da Altice e não dos trabalhadores da PT, considerando que está a "ser só igual a si próprio".
No sábado, o presidente do PSD disse esperar que o BE se retratasse das acusações que fez à Altice sobre alegados despedimentos "encapotados" na PT, depois de "uma infundada acusação que não encontrou respaldo naquilo que foi o trabalho realizado pela Autoridade para as Condições do Trabalho".
"Quando Pedro Passos Coelho vem dizer que a ACT não dá razão ao Bloco de Esquerda, com certeza não leu o relatório com atenção ou, então, talvez tenha lido com atenção e esteja a ser só igual a si próprio", respondeu hoje Catarina Martins no discurso de encerramento do Fórum Socialismo 2017, a rentrée política do BE.
A líder bloquista não fica, no entanto, surpreendida que "entre defender os trabalhadores ou a multinacional que se apresentou ao país como gostando pouco de pagar salários, Pedro Passos Coelho escolha a Altice aos trabalhadores"
"No Bloco de Esquerda sabemos sempre de que lado estamos", atirou.
De acordo com Catarina Martins, o relatório da ACT refere que "a transmissão de estabelecimento, a figura que a Altice está a utilizar para despedir trabalhadores, é algo que é matéria de tribunais".
Mas a líder do BE aproveitou, também, para voltar a deixar recados ao Governo liderado por António Costa nesta matéria, recordando que o executivo sempre disse que estava à espera deste relatório da ACT e que, agora que ele existe, este é o momento de agir.
"O Governo pode sozinho e de uma forma expedita densificar a interpretação da lei para evitar o que está a acontecer e travar a Altice, mas se o Governo não o fizer a prioridade do BE na abertura da sessão legislativa já em Setembro são os projectos de lei que fazem uma densificação daquilo que é a transmissão de estabelecimento e impedem abusos como está a acontecer na PT", antecipou.
No sábado, o deputado do BE, José Soeiro já tinha considerado que o Governo devia "retirar as devidas consequências e agir em consonância" com o relatório da Autoridade para as Condições do Trabalho sobre a PT/Meo, que confirma uma actuação "como se Portugal fosse um faroeste laboral".
A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) instaurou 124 autos de notícia nas inspecções feitas à PT/Meo, tendo recolhido, designadamente, "evidências da existência de situações de assédio" aos trabalhadores, segundo dados conhecidos na sexta-feira.
Segundo os resultados das acções inspectivas levadas a cabo pela ACT na PT/Meo, entre Janeiro e Julho deste ano, a que a Lusa teve acesso, "o valor mínimo total da moldura da coima associado às infracções objecto de auto de notícia é de 1.574.861,75 euros" e o valor máximo é de 4.844.974,25 euros.