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António Costa: "Não vou ter nenhuma voz ativa" como oposição

Em Bruxelas o primeiro-ministro deixou uma forte condenação aos ataques israelitas a Gaza, criticou as eleições russas e reforçou o apoio português à Ucrânia. Apesar de preocupado com a ascensão da extrema-direita, garante que, em Portugal, não há partidos se que oponham ao apoio a Kiev.

Reuters
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António Costa voltou a dar garantias a Bruxelas sobre o posicionamento do Chega em matérias de revelância para o projeto europeu, em particular, no apoio à Ucrânia. 

"Não desejo o aumento da extrema-direita, pelo contrário. Mas é preciso ter em conta que, naquilo que designamos de extrema-direita, nem todos são pró-russos e nem todos são contra a defesa da Ucrânia. Por exemplo, em Portugal, não há nenhum partido que seja contra o apoio à Ucrânia, mesmo os partidos na extrema-direita", afirmou, à chegada à reunião do Conselho Europeu, o último em que participa enquanto líder do Executivo português.

Já na terça-feira, Costa tinha garantido que o Chega nunca tinha feito campanha contra a União Europeia

Os comentários do ainda primeiro-ministro surgiram após perguntas sobre o risco da ascensão da extrema- direita na Europa, e sobre as eleições russas, que apelidou de "simulacro". "Os resultados das eleições não dividem, expressam a pluralidade que existe sempre em sociedades livres e democráticas. Tivesse havido liberdade para o povo russo se exprimir, seguramente teria havido mais pluralismo nos resultados, do aquele simulacro de eleições resultou. As nossas [europeias] eleições são eleições a sério, não são simulacros, expressam a pluralidade dos pontos de vista que existem nas nossas sociedades. O trabalho que os políticos têm de fazer é, com base nesses resultados, não se deixarem paralisar", afirmou.

Em jeito de balanço dois anos de trabalho no Conselho Europeu, manifestou-se satisfeito por ter conseguido afastar alguns dos receios que existiam quando ali chegou. "Não posso esconder que tenho alguma satisfação de ter aqui chegado em final de 2015, com muita gente desconfiada sobre o que ia acontecer em Portugal, pelo acordo que fizemos com o BE e o PCP, e com o nosso compromisso quer com a Europa quer com a NATO, com o risco que viam na viragem da página da austeridade - porque aqui alguns também achavam que o diabo podia vir virando a página da austeridade. Ao fim de oito anos ninguém tem dúvidas que, apesar das várias formações em que os meus governos assentaram, fomos sempre parceiros leais e ativos, quer na NATO, quer na UE", disse.

Apesar do tom, o socialista afastou nostalgias, dizendo mesmo "detestar ter saudades". "É um sentimento que não gosto de ter. A vida faz-se com o futuro, não com o passado", comentou. Questionado sobre se iria manter-se como uma voz ativa da oposição, gracejou: "Não, ainda por cima estou rouco. Não vou ter nenhuma voz ativa".

Palestinianos "vítimas de um ataque inadmissível"


Sobre a situação em Gaza, Costa não poupou nas palavras. Reconheceu o direito de Israel se defender do ataque de que foi alvo a 7 de outubro, por parte do Hamas, mas condenou firmemente as investidas em Gaza.

"Temos de ser unânimes a condenar a forma inaceitável como Israel está a exercer o seu direito de defesa. O direito de defesa implica regras e respeitar a vida humana". O "povo palestiniano", disse, está a ser "vítima de um ataque inadmissível". Nesse sentido, o Conselho de Ministros aprovará uma resolução reforçando em 10 milhões de euros o apoio humanitário à agência das Nações Unidas de apoio humanitário aos refugiados palestinianos, indicou.


Notícia atualizada às 13h40


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