Uma vista de olhos pelas redes sociais esta terça-feira não deixa escapar que, para muitos portugueses, o dia 1 de Dezembro deveria ser para ficar em casa. O feriado, que assinala a Restauração da Independência do país, em 1640, só começou a ser observado em 1910, com o novo regime republicano que substituiu a monarquia.

Mais de 100 anos depois coube ao Governo de Passos Coelho "revogar" o dia de descanso, mais uma "vítima" do plano de austeridade colocado em prática para tirar o país de uma crise económica grave.

Não foi o único. O 5 de Outubro, dia da implantação da República, comemorado no Parlamento com pompa e circunstância todos os anos, também passou a ser dia de trabalho. Dois feriados religiosos, o Corpo de Deus e 1 de Novembro acabaram também por cair.

O novo Governo do PS fez deste tema uma bandeira da campanha e comprometeu-se a devolver os feriados civis (os outros têm que passar pelo crivo das autoridades religiosas, mas António Costa já disse que esse assunto estava em cima da mesa). Já não chegou a tempo nem para o 5 de Outubro, no dia seguinte às eleições, nem para este 1 de Dezembro, que acontece quando o Executivo está apenas há uma semana no poder.

"Há feriados que têm a ver com a nossa história e que qualquer país que tenha o mínimo de auto-estima em caso algum prescinde de os ter: o 1.º de Dezembro, da Independência, a data das datas, pois sem a qual não poderiam comemorar nenhuma das outras; e o 5 de Outubro, porque faz parte da identidade da nossa democracia", referiu António Costa, em Setembro deste ano, pouco antes se tornar primeiro-ministro.

Caso sejam repostos, o dia 5 de Outubro de 2016 será numa quarta-feira e o 1 de Dezembro numa quinta.