A Madeira foi palco de um verdadeiro golpe de teatro esta terça-feira. A Assembleia de Apuramento Geral das eleições regionais do passado domingo concluiu que houve votos a mais no PSD e, cerca das 20:30, anunciou que Miguel Albuquerque tinha perdido a maioria absoluta, conquistada no domingo à tangente. Mas, duas horas depois, a mesma Assembleia veio confirmar que o PSD ganhou com maioria, 24 deputados, porque se esqueceu de contabilizar os resultados do Porto Santo.

"O PSD mantém a maioria absoluta", confirmou ao Negócios o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições.

Entre a oficialização da perda da maioria absoluta e o reconhecimento de que, afinal, Miguel Albuquerque tinha o controlo do parlamento regional, o mandatário da CDU, Leonel Nunes, chegou a dizer que "agora ninguém nos tira o terceiro deputado". Mas o terceiro deputado acabou por ir mesmo para o PSD, por uma margem que o social-democrata Carlos Rodrigues disse ser de 12 votos, em declarações à RTP Madeira.

O edital com a oficialização da maioria absoluta de Miguel Albuquerque foi publicado às 22:20, no Funchal. O 47.º deputado deixou de ser da CDU e voltou a ser do PSD.

O que é que aconteceu então para esta confusão, que muitos descreveram como "ridícula" e inacreditável"? Inicialmente, a Assembleia de Apuramento Geral detectou um erro na mesa de voto da freguesia da Camacha, no concelho de Santa Cruz. Esta atribuiu, de forma errada, mais votos ao PSD do que aqueles que efectivamente tinham sido deixados na urna. O erro foi detectado ao confrontar as actas da mesa com os resultados transmitidos à administração eleitoral.

O problema é que, ao fazer a distribuição dos mandatos depois de detectado este erro, a Assembleia de Apuramento Geral cometeu um outro: só considerou os dados da ilha da Madeira, deixando de fora os do Porto Santo. Esse erro foi detectado e procedeu-se então a nova contagem. Depois de feita nova distribuição dos mandatos, concluiu-se que, afinal, o PSD Madeira conquistou a maioria absoluta, segurando o 24.º deputado, necessário para controlar o parlamento, por cerca de 12 votos (embora a CNE admitisse que fossem 50 votos).

Se se tivesse confirmado a perda de maioria absoluta de Albuquerque, teria sido a primeira vez que tal acontecia por erros nos dados.

Mas, afinal, continua tudo como estava no domingo à noite.

(Notícia actualizada com mais informação às 22:45)