Notícia
Vice-provedora demissionária da Santa Casa acusa ministra do Trabalho de mentir sobre remunerações
Ana Vitória Azevedo apontou que a ministra "tem todo o direito de querer mudar a administração da Santa Casa", mas sublinhou que "não tem o direito de dizer coisas que não são verdadeiras e de alguma maneira caluniar as pessoas que lá estão".
08 de Maio de 2024 às 15:14
A vice-provedora demissionária da Santa Casa de Lisboa Ana Vitória Azevedo acusou esta quarta-feira a ministra Maria do Rosário Ramalho de "dizer coisas que não são verdade", quando afirmou que a administração exonerada retirou benefícios para si própria.
"Eu sei, e isso até me choca, que a Mesa da Santa Casa não teve nenhum benefício para si e gostava que a senhora ministra explicasse que benefício foi esse", disse Ana Vitória Azevedo, no decorrer da audição na Comissão Parlamento de Trabalho, Segurança Social e Inclusão.
Em entrevista à RTP, na terça-feira, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social Maria do Rosário Ramalho afirmou que a maioria dos trabalhadores na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) ganha o salário mínimo e que os vencimentos dos dirigentes são muito mais altos.
"Os da Mesa [da SCML] até foram aumentados, estranhámos. (...) Beneficiaram-se a si próprios", criticou a ministra.
Perante os deputados da comissão, e tentando "entrar na cabeça da senhora ministra", a vice-provedora demissionária admitiu que o raciocínio feito por Maria do Rosário Ramalho tenha por base "o aumento que foi feito ao estatuto do gestor público", da responsabilidade do Governo e não da Santa Casa.
"As remunerações da Santa Casa estão diretamente indexadas ao estatuto do gestor público. Mas qual benefício?", questionou, apontando que se foi esse o raciocínio da ministra, esta é a explicação.
"Se a senhora ministra se está a referir ao aumento do estatuto do gestor público, eu acho que isso não é sério", acrescentou, classificando como "grave" que a ministra entenda como benefício o que decorria de uma indexação.
Ana Vitória Azevedo apontou que a ministra "tem todo o direito de querer mudar a administração da Santa Casa", mas sublinhou que "não tem o direito de dizer coisas que não são verdadeiras e de alguma maneira caluniar as pessoas que lá estão".
Segundo a ex-dirigente, não é factual que a administração de Ana Jorge não tenha feito nada pela reestruturação financeira da instituição, apontando que, apesar de não haver um plano de reestruturação, "havia trabalho que estava a ser feito".
Salientou igualmente que, ao contrário do que foi dito pela ministra do Trabalho, na entrevista à RTP, de que foram destituídos 18 administradores, houve 40 pessoas que perderam as comissões de serviço, o que se traduziu numa poupança de um milhão de euros.
Relativamente à internacionalização dos jogos sociais, Ana Azevedo negou ter tido qualquer responsabilidade, apontando que esse era um projeto que já estava em curso desde 2019 e que quando entrou para a Santa Casa em 2021 ficou com o pelouro do património.
Posteriormente, com a entrada de Ana Jorge para provedora da SCML, em maio de 2023, Ana Azevedo passa a vice-provedora.
A responsável, que enviou em 28 de março o pedido de demissão à atual ministra Maria do Rosário Ramalho, disse ter alertado, por diversas vezes, o anterior provedor Edmundo Martinho, para os riscos da internacionalização.
"Estive contra a maneira pouco cautelosa como o projeto estava a ser implementado", disse a responsável, apontando que transmitiu isso tanto ao provedor, como à ministra do Trabalho de então, Ana Mendes Godinho.
Acrescentou que a sua posição tinha a ver com os riscos do próprio mercado, a dificuldade na contratação de equipas de gestão que pudessem assegurar uma gestão local eficaz e pela escala de investimento "dificilmente compatível" com a "complexa situação financeira da Santa Casa, que já se vivia na altura".
"Eu sei, e isso até me choca, que a Mesa da Santa Casa não teve nenhum benefício para si e gostava que a senhora ministra explicasse que benefício foi esse", disse Ana Vitória Azevedo, no decorrer da audição na Comissão Parlamento de Trabalho, Segurança Social e Inclusão.
"Os da Mesa [da SCML] até foram aumentados, estranhámos. (...) Beneficiaram-se a si próprios", criticou a ministra.
Perante os deputados da comissão, e tentando "entrar na cabeça da senhora ministra", a vice-provedora demissionária admitiu que o raciocínio feito por Maria do Rosário Ramalho tenha por base "o aumento que foi feito ao estatuto do gestor público", da responsabilidade do Governo e não da Santa Casa.
"As remunerações da Santa Casa estão diretamente indexadas ao estatuto do gestor público. Mas qual benefício?", questionou, apontando que se foi esse o raciocínio da ministra, esta é a explicação.
"Se a senhora ministra se está a referir ao aumento do estatuto do gestor público, eu acho que isso não é sério", acrescentou, classificando como "grave" que a ministra entenda como benefício o que decorria de uma indexação.
Ana Vitória Azevedo apontou que a ministra "tem todo o direito de querer mudar a administração da Santa Casa", mas sublinhou que "não tem o direito de dizer coisas que não são verdadeiras e de alguma maneira caluniar as pessoas que lá estão".
Segundo a ex-dirigente, não é factual que a administração de Ana Jorge não tenha feito nada pela reestruturação financeira da instituição, apontando que, apesar de não haver um plano de reestruturação, "havia trabalho que estava a ser feito".
Salientou igualmente que, ao contrário do que foi dito pela ministra do Trabalho, na entrevista à RTP, de que foram destituídos 18 administradores, houve 40 pessoas que perderam as comissões de serviço, o que se traduziu numa poupança de um milhão de euros.
Relativamente à internacionalização dos jogos sociais, Ana Azevedo negou ter tido qualquer responsabilidade, apontando que esse era um projeto que já estava em curso desde 2019 e que quando entrou para a Santa Casa em 2021 ficou com o pelouro do património.
Posteriormente, com a entrada de Ana Jorge para provedora da SCML, em maio de 2023, Ana Azevedo passa a vice-provedora.
A responsável, que enviou em 28 de março o pedido de demissão à atual ministra Maria do Rosário Ramalho, disse ter alertado, por diversas vezes, o anterior provedor Edmundo Martinho, para os riscos da internacionalização.
"Estive contra a maneira pouco cautelosa como o projeto estava a ser implementado", disse a responsável, apontando que transmitiu isso tanto ao provedor, como à ministra do Trabalho de então, Ana Mendes Godinho.
Acrescentou que a sua posição tinha a ver com os riscos do próprio mercado, a dificuldade na contratação de equipas de gestão que pudessem assegurar uma gestão local eficaz e pela escala de investimento "dificilmente compatível" com a "complexa situação financeira da Santa Casa, que já se vivia na altura".