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Trump critica política de subida de juros da Fed
O presidente dos Estados Unidos "não está entusiasmado" com a política monetária da Reserva Federal norte-americana assente no aumento gradual de juros. Para Donald Trump, um dólar forte prejudica a economia norte-americana.
Donald Trump abriu uma nova frente de batalha, desta vez contra a Reserva Federal dos Estados Unidos e respectivo líder, Jerome Powell. Em entrevista concedida esta quinta-feira à estação CNBC, o presidente norte-americano assume que "não está entusiasmado" com a política de aumento gradual dos juros seguida pela Fed que teme poder colocar em causa a recuperação da maior economia mundial.
Apesar do perfil virulento de Trump, a CBNC não deixou de salientar que as críticas dirigidas pelo residente na Casa Branca à Fed é inusitada, uma vez que por norma o presidente em funções dos EUA não critica publicamente decisões adoptadas pelo banco central nem tenta interferir nas mesmas.
Depois de já ter decretado dois aumentos dos juros em 2018, a Fed planeia promover mais duas subidas do custo do dinheiro, assim a economia continue a mostrar sinais de robustez.
Ainda esta quinta-feira, um relatório do banco central (Livro Bege) notava que a evolução favorável do mercado de trabalho norte-americano assim como a tendência demonstrada pela inflação reforçam a expectativa de novas subidas da taxa de juro directora.
Mas apesar das críticas, Donald Trump fez questão de elogiar Jerome Powell, a escolha do presidente americano para suceder a Janet Yellen. Para Trump, sempre que há uma subida dos juros a Fed pretende logo voltar a decretar um novo aumento. "Não estou satisfeito com isso. Mas, ao mesmo tempo, estou a deixá-los fazer o que pensam ser melhor", atirou.
Durante a entrevista, Donald Trump reconheceu não ser prática comum o presidente dos EUA criticar abertamente a Fed, contudo, afiança estar somente a dizer "aquilo que diria enquanto cidadão" e assegura que se está a "marimbar" para eventuais críticas.
Porém, antes de chegar à Casa Branca o empresário Trump criticou a Reserva Federal por persistir com os juros em mínimos históricos – política acomodatícia seguida para responder à crise financeira de 2007-2008 -, considerando que tal poderia criar uma bolha. Três meses depois de tomar posse como presidente dos EUA, Trump inverteu o discurso admitindo gostar de uma "política de taxas de juro baixas".
Donald Trump considera que a Reserva Federal está em contraciclo com outras autoridades monetárias como o Banco Central Europeu ou o Banco do Japão, que mantêm os juros em níveis historicamente baixos, o que cria uma "desvantagem" para os EUA. Desde Dezembro de 2016, a Fed iniciou uma política de normalização dos juros, tendo promovido seis subidas desde então.
As declarações de Trump fizeram-se de imediato sentir nos mercados. O dólar que negociava em forte alta contra as principais divisas mundiais, estando mesmo a transaccionar em máximos de Julho do ano passado, moderou a subida para uma valorização de apenas 0,10%.
Para Trump é favorável a manutenção de juros baixos na medida em que é um instrumento monetário que alimenta o consumo e a actividade económica, pelo que uma política continuada de aumento dos juros poderá impactar negativamente nas actualmente robustas taxas de crescimento económico dos EUA.
Por seu lado, no início deste ano entrou em vigor uma das principais promessas de Trump enquanto candidato presidencial: uma redução dos juros aplicados às empresas (IRC) de 35% para 21%, uma medida que durante largos meses impulsionou os títulos negociados em Wall Street.
Trump também se atira à China
No dia em que surgiram notícias de que as autoridades chinesas planeiam avançar com medidas que facilitem a concessão e acesso ao crédito na China com o objectivo de desvalorizar o yuan e assim animar as exportações da China, Donal Trump, também durante a entrevista à CNBC, frisou que a moeda chinesa "está em queda como uma rocha".
Nesta declaração está implícita uma crítica várias vezes repetida quando era ainda candidato à Casa Branca, com Trump a criticar o que considerava ser uma manipulação cambial promovida por Pequim.
Uma afirmação que surge num momento de tensão entre Washington e Pequim, capitais envolvidas numa disputa comercial iniciada pelo reforço das taxas alfandegárias aplicadas à importação de bens chineses decidida por Trump e à qual a China ripostou na mesma moeda.