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Programa do BCE leva juros da dívida portuguesa para mínimos

Os juros das obrigações soberanas estão em queda em toda a Europa, atingindo mesmo valores negativos nos títulos alemães a cinco anos. A "yield" dos títulos de dívida a 10 anos em Portugal atingiu um mínimo nos 2,326%

Reuters
23 de Janeiro de 2015 às 17:19
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O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, anunciou esta quinta-feira o que há muito se antecipava – um programa de compra de dívida dos países da Zona Euro – e o mercado não tardou em reagir.

 

Os juros da dívida pública na Europa caíram de forma acentuada no mercado secundário esta sexta-feira, 23 de Janeiro, tendo atingido mínimos históricos no prazo de referência (10 anos) em praticamente todos os países, da periferia ao centro.

 

No caso de Portugal, a yield associada à dívida a dois anos desce 1 ponto base para 0,281% enquanto os juros da dívida a cinco anos aliviam 12,3 pontos base para 1,412%. Já a yield associada à dívida a dez anos cai 14,6 pontos base para 2,443%. Na parte inicial da sessão as quedas foram mais intensas, com o mínimo da "yield" dos títulos a cinco anos a ser fixada nos 1,311% e a 10 anos nos 2,326%.

 

Na vizinha Espanha, também os juros implícitos nas obrigações a dez anos chegaram a cair mais de 10 pontos base para um mínimo histórico de 1,249%. O mesmo acontece em Itália, onde a yield associada à dívida a dez anos está no valor mais baixo de sempre, descendo pela primeira vez abaixo de 1,5%.

 

Juros das bunds com valores negativos no prazo a 5 anos

 

O cenário é idêntico em França e também na Alemanha onde, para além da yield a dez anos estar no valor mais baixo de sempre, os juros estão negativos até à maturidade de cinco anos.

 

No entanto, como a quedados juros na Alemanha é menos acentuada do que em Portugal – a yield associada à dívida germânica (bunds) a dez anos cai 7 pontos-base para 0,378% - a percepção de risco de Portugal está a descer. Quer isto dizer que o prémio de risco que os investidores estão a exigir para comprar dívida portuguesa em detrimento da alemã (o chamado "spread") está mais baixo, recuando esta sexta-feira, 23 de Janeiro, para 198,7 pontos base, o que representa o valor mais baixo das últimas três semanas.

 

Esta quinta-feira, Mario Draghi anunciou a compra de 60 mil milhões de euros de títulos por mês na Zona Euro a partir de Março (e pelo menos até Setembro de 2016). Este montante inclui compras de dívida pública, de dívida emitida por instituições europeias (12% das compras totais) e também dos programas de dívida titularizada privada (estes já iniciados em Outubro).

 

"Temos que dar crédito ao homem, porque mais uma vez Draghi conseguiu superar as expectativas, que já eram elevadas", afirmou à Bloomberg Michael Leister, analisa do Commerzbank.

 

Apesar desta forte queda das "yields" das obrigações dos países periféricos, a Pimco mantém a aposta nos títulos. "Os títulos de dívida soberana dos países periféricos registaram uma boa performance no passado, mas vemos poucas razões as os vender", salientou um gestor da Pimco, adiantando que "os títulos com maturidade mais longa de Espanha e Itália estão mais atractivos do que os títulos alemães.

 

 

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