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O que vão fazer os bancos centrais em 2018, segundo El-Erian

Mohamed A. El-Erian, colunista da Bloomberg e antigo CEO da Pimco, antecipa o que vão fazer os principais bancos centrai em 2018.

Bloomberg
Mohamed A. El-Erian 09 de Dezembro de 2017 às 15:00

Com a aceleração sincronizada do crescimento económico global, os bancos centrais sistemicamente importantes estarão provavelmente mais inclinados e com maior capacidade para começar ou continuar a normalização da política monetária em 2018. Mas o que vale para a comunidade de bancos centrais como um todo tem mais nuances quando a avaliação é feita para instituições individuais.

 

Listamos a perspectiva para os bancos centrais globais em grau ascendente de dificuldade e, portanto, de hipótese de ter erros.

 

Reserva Federal

 

A Reserva Federal é a que está mais avançada no processo de normalização. O banco central dos EUA interrompeu o programa não convencional de compra de instrumentos financeiros, elevou a taxa básica de juros quatro vezes e apresentou um plano para redução gradual de seu balanço patrimonial.

 

A Fed provavelmente fará mais um acréscimo nos juros em breve e terá uma janela maior de normalização graças a propostas fiscais que tramitam no Congresso. Sendo assim, os mercados talvez precisem subir as projecções para as decisões da Fed, de modo a ficarem mais consistentes com a sinalização da instituição de dois ou três aumentos nos juros no ano que vem. E no contexto da "normalização" em curso, tais revisões não abalariam necessariamente a estabilidade financeira ou o crescimento económico.

 

Uma complexidade enfrentada pela Fed é que, tratando-se dos rendimentos dos títulos de prazo mais longo e da curva de rendimentos, as políticas não convencionais dos seus pares noutras economias desenvolvidas continuam a exercer uma influência relevante. As dificuldades para a condução da política monetária nesta questão são notavelmente maiores.

 

Banco do Japão

 

O Banco do Japão enfrentará uma intensificação das pressões para diminuir os estímulos. Além de ter de considerar mais seriamente a redução do programa de compra de activos, o banco central japonês provavelmente tomará medidas no próximo ano para elevar a meta para o rendimento dos títulos a 10 anos (actualmente em 0%). Também será preciso criar uma sequência cuidadosa a partir da diminuição das compras não convencionais de activos. O grau de facilidade ou dificuldade dessa implementação dependerá muito da situação política interna que terá o primeiro-ministro Shinzo Abe — se haverá ou não espaço para a adopção de reformas estruturais que vêm sendo adiadas há muito tempo.

 

BCE

 

O Banco Central Europeu fará o máximo para seguir o plano anunciado recentemente de cortar pela metade as compras mensais de activos para o equivalente a 30 mil milhões de euros até Setembro – um prelúdio ao encerramento do programa de compras em larga escala antes de retirar a taxa de juro do território negativo. Mas, pelo que se entende da acta da última reunião do BCE, os membros do Conselho têm opiniões distintas. Assim, a instituição pode se ver na posição delicada de precisar mudar a projecção ao acelerar a retirada dos estímulos quantitativos, principalmente se a inflação subir mais rápido do que se espera actualmente.

 

Banco de Inglaterra

 

Por mais que isso seja complexo — especialmente para um banco central que define a política monetária de 19 países —, nada se compara à complexidade da política monetária do Reino Unido. Com a redução das perspectivas de crescimento económico e a inflação ainda bem acima da meta, o Banco da Inglaterra vê-se diante de um dilema, especialmente depois de ser forçado a elevar a taxa de juro pela primeira vez numa década. Reagir à inflação persistentemente acima da meta com novos acréscimos nos juros poderia aprofundar o arrefecimento da economia. Se a instituição adiar a subida dos juros, as expectativas de inflação podem piorar. E isto sem falar nas incertezas em redor do Brexit.

A boa notícia para a economia global é que o banco central mais poderoso do mundo, a Fed, é o que enfrenta as menores dificuldades (e pode restaurar maior flexibilidade para compensar riscos de crescimento e inflação decepcionantes no futuro). Outra boa notícia é que a maior complexidade é enfrentada pelo banco central com menor influência sistémica, o Banco da Inglaterra.

 

O maior risco de política monetária para a economia global não envolve as perspectivas de instituições individuais e sim o que acontecerá se todos estes bancos centrais, além do Banco Popular da China, decidirem diminuir os estímulos monetários ao mesmo tempo. Tratando-se dos bancos centrais, essa é a maior fonte de riscos para os preços dos activos e para a economia global, exigindo monitorização de alta frequência e consultas internacionais.

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