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Louçã: “Não há e não vai haver substituição do governador do Banco de Portugal”
Em entrevista ao Público e à Renascença, Francisco Louçã diz que a “gravíssima crise” entre o Governo e o Banco de Portugal está encerrada e que existe um entendimento sobre o nível de dividendos a distribuir pelo banco.
O antigo líder do Bloco de Esquerda lembra que defendeu o afastamento de Carlos Costa, mas que a decisão do Governo de não invocar falta grave encerrou o assunto. O governador está para ficar.
"Houve uma gravíssima crise e um conflito entre o Governo e a maioria política e o governador do Banco de Portugal, a propósito do processo de resolução do Novo Banco. Nessa altura, foi a minha opinião e de algumas outras pessoas que devia ter sido invocada uma falta grave e, portanto, devia ter sido iniciado o processo de substituição do governador. O Governo escolheu não o fazer e, portanto, esse assunto está encerrado, não há agora um processo de substituição do governador e não vai haver no contexto que estamos a viver", afirmou ao Público e à Renascença o actual membro do conselho consultivo do BdP.
Louçã garante ainda que não existe qualquer conflito entre o Governo e o banco central sobre o nível de dividendos que serão distribuídos este ano e que a administração do BdP deverá anunciar um valor próximo daquele que o Executivo deseja.
"Passos Coelho interveio sobre essa matéria porque quer perturbar o caminho de acordo que está em curso entre o Banco de Portugal e o Governo, porque este é um problema resolvido", sublinha. "O conselho de administração do Banco de Portugal já decidiu a sua proposta de nível de provisões a constituir agora em 2017 e que…" Vai ao encontro daquilo que o relatório propõe? "Isso. O conselho de administração anunciará a seu tempo."
Questionado novamente, Louçã diz que há "um caminho de acordo" e uma proposta que "reconhece a constituição, por razões razoáveis, de dividendos elevados".