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Lagarde quer tornar bazuca europeia de 750 mil milhões um instrumento permanente

A presidente do BCE acredita que o fundo de recuperação acordado como resposta excecional à pandemia deveria tornar-se um instrumento permanente à disposição da UE, e assegura que o banco central ainda não esgotou as suas armas.

A entidade liderada por Christine Lagarde anunciou, na semana passada, um programa de 750 mil milhões.
Kai Pfaffenbach/Reuters
19 de Outubro de 2020 às 11:27
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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, acredita que os líderes europeus deveriam ter "armas" à disposição para combater, no futuro, situações de emergência, como a que foi imposta pela pandemia da covid-19.

Nesse sentido, a responsável defende que os Estados-membros da União Europeia deviam pensar em tornar permanente o fundo de recuperação de 750 mil milhões de euros - a chamada "bazuca" europeia - acordado pelos líderes europeus para minimizar os efeitos do coronavírus na região.

Em causa está o programa "Next Generation EU" que contempla 390 mil milhões de euros em subvenções (a fundo perdido) e 360 mil milhões de euros em empréstimos.

"Esta ferramenta do plano de recuperação é uma resposta a uma situação extraordinária. Devemos discutir a possibilidade de permanecer na caixa de ferramentas europeia para que possa ser usada novamente se surgirem circunstâncias semelhantes", afirmou Lagarde num entrevista ao jornal francês Le Monde.

No entanto, a presidente do BCE sublinha que os governos da região da moeda única não podem ficar por aí, devendo aproveitar as lições da pandemia para avançar finalmente para um orçamento comum. "Espero que haja também um debate sobre um instrumento orçamental comum para a Zona Euro e que seja enriquecido pela nossa experiência atual", frisou.

BCE ainda tem munições para disparar

Numa altura em que os países europeus assistem a um agravamento da pandemia e à deterioração das estimativas para a recuperação, Christine Lagarde assegura que o BCE ainda não esgotou as armas, podendo avançar com um reforço dos estímulos.

"As opções na nossa caixa de ferramentas não se esgotaram", garantiu, na mesma entrevista. "Se for preciso fazer mais, faremos mais".

A menos de duas semanas da reunião de política monetária do banco central, a presidente da instituição reconhece que as perspetivas se degradaram, devido às novas medidas restritivas na região, e que a recuperação deverá, por isso, perder força.

 "Desde as melhorias que vimos durante o verão, a recuperação tem sido desigual, incerta e incompleta e agora corre o risco de perder força", reconheceu Lagarde, acrescentando que, no BCE, "vamos acompanhar de perto os indicadores ao longo do outono".

Lagarde adiantou ainda que o cenário central do BCE aponta para uma contração média de 8% do PIB em 2020 e "medidas de restrição localizadas", mas que se a situação se deteriorar, "as projeções, que serão revistas em dezembro, serão obviamente mais sombrias".

O BCE, que tem em marcha o seu Pandemic Emergency Purchase Programme (PEPP), já havia admitido reforçar os programas atuais de compras de ativos, caso fosse necessária uma resposta ainda mais agressiva para travar os efeitos da pandemia.


Apesar de não ser claro quais seriam as possíveis alterações, as mudanças podem passar por uma extensão do prazo referente ao programa de compras pandémico e mais flexibilidade nos restantes programas em vigor antes do PEPP - lançado em março e cujo montante total foi alargado para 1,35 biliões de euros em junho.

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