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Krugman questiona Fed: Porque é que inflação nos 4% é excessiva e nos 2% é sagrada?

Paul Krugman considera que o banco central dos EUA está a sobrereagir ao subir as taxas de juro.

Bruno Simão
05 de Junho de 2022 às 19:58
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Paul Krugman, galardoado com o Nobel da Economia em 2008, questionou o novo ciclo de subida dos juros diretores por parte da Reserva Federal norte-americana, alegando que não há provas empíricas de que uma inflação nos 2% - a meta de referência para os grandes bancos centrais – seja mais favorável para uma economia do que 4%.

 

No seu artigo de domingo publicado no The New York Times, e citado pelo El Economista, Krugman questiona que se tome os 2% como o objetivo para a inflação em matéria de política monetária porque a História não sustenta que seja o patamar necessário para manter uma economia próspera.

 

E questiona: "Que preço estamos preparados para pagar para regressarmos aos 2%?".

 

Krugman recorda que na segunda metade da década de 1980, os EUA registaram uma inflação consideravelmente superior e que a Fed se "sentia confortável" porque "apenas se situava em torno dos 4%" e não era vista como um problema na opinião pública – já que o país estava a crescer a bom ritmo.

Neste sentido, o economista sublinha que o nível de referência atual começou a ser usado para que o banco central tivesse margem de manobra durante uma recessão, acautelando também que uma subida de preços não prejudicasse o crescimento.

 

Os defensores desta postura "acreditavam que 2% era suficientemente elevado para que a Fed não tivesse que cortar os juros para zero e descobrir depois que não era suficiente", diz. "Mas estavam enganados", alega.

 

Krugman recorda a política monetária acomodatícia desde a crise financeira que, depois de levar a que os juros descessem até 0%, obrigou a Fed e outros bancos centrais a "procurarem outras ferramentas para estimular a economia".

 

Por isso, o Nobel infere que o verdadeiro motivo para manter a referência nos 2%. "arriscando, no mínimo, uma recessão leve", se deve a uma questão de "credibilidade". "Receiam que, se afrouxarem para os 3%, os mercados e a opinião pública se questionem se eles acabarão por admitir os 4% e a seguir os 5%, etc.", explica.

 

"Um aspeto tranquilizador do atual aumento de preços é que as expectativas para a inflação a mais longo prazo se mantiveram ‘ancoradas’, pelo que não há sinais de uma espiral de preços-salários como nos anos 70. Renunciarem ao objetivo dos 2% seria arriscarem-se a perder essa âncora", salienta.

 

Vários têm sido os economistas – como Nouriel Roubini – e outros observadores a apontar para uma recessão nos EUA. Com efeito, a maioria receia que o atual endurecimento da política monetária da Fed para combater a inflação, que está em máximos de 40 anos, só se consiga à custa de mergulhar a economia numa recessão.

 

Depois de, na quarta-feira, o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, ter alertado para o facto de as políticas restritivas do banco central ameaçarem mergulhar a economia norte-americana numa recessão, na sexta-feira foi a presidente executiva do Citi, Jane Fraser, que disse achar que os EUA terão dificuldades em evitar uma recessão.



(notícia atualizada às 20:10)

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