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Economistas do BCE veem juros a subir apenas 150 pontos até ao pico

Em menos de dois meses a taxa aplicada aos depósitos na Zona Euro saiu de terreno negativo (-0,5%) e passou para 0,75%, a um ritmo nunca antes visto.

Wolfgang Rattay/Reuters
13 de Outubro de 2022 às 19:07
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Os técnicos do Banco Central Europeu (BCE) apontam para a necessidade de aumentar a taxa aplicada aos depósitos até 2,25%, ou até mesmo abaixo deste patamar, se ao mesmo tempo a autoridade monetária reduzir o balanço, segundo fontes próximas do processo, citadas pela Reuters.

 

O valor está bastante abaixo da aposta dos mercados, que miravam a possibilidade de a taxa de juro diretora atingir os 3%.

 

O modelo foi apresentado pelos economistas durante um encontro da autoridade monetária, que decorreu na semana passada no Chipre, de acordo com a informação avançada pela agência britânica.

 

Em menos de dois meses, a taxa aplicada aos depósitos na Zona Euro saiu de terreno negativo (-0,5%) e passou para 0,75%, um ritmo nunca antes visto. No início de setembro, a autoridade monetária liderada por Christine Lagarde anunciou uma subida histórica de 75 pontos base nas três taxas de juro diretoras, em linha com a expectativa dos mercados.

 

Atualmente, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento está fixada em 1,25%, enquanto a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez está em 1,5% e a dos depósitos em 0,75%.

 

Durante o último encontro, o Conselho do BCE garantiu ainda que "irá continuar a reinvestir na totalidade os montantes que atingem as maturidades no âmbito do programa regular de compra de ativos "por um longo período de tempo" e "enquanto for necessário para manter condições de ampla liquidez". A autoridade monetária volta a reunir-se dia 27 de outubro.

 

O estudo, citado pela Reuters, indica que as taxas de juro precisam apenas de subir uma vez para terreno restritivo, de forma a conduzir a inflação para a meta dos 2%.

 

Uma vez lido o estudo e ouvida a sua apresentação, as fontes contactadas pela agência britânica informaram que os membros do Conselho do BCE encarregues de votar a política monetária do banco central decidiram não divulgar o documento à comunicação social, nem adotar o mesmo sob a forma de orientação política.

 

Entre as principais razões para esta decisão está o facto de este tipo de modelos "se terem saído mal nos últimos anos" e ainda a questão de, a seu ver, os economistas do BCE "estarem a subestimar o risco de inflação", escreve a Reuters.

 

Além disso, alguns membros do conselho do BCE argumentaram ainda que as suas decisões não deveriam ser limitadas apenas a um modelo, mas deveriam ter em conta um conjunto complexo de indicadores e fatores.

 

"Taxa aplicada aos depósitos poderá chegar aos 3%", admite governador belga

 

Já Pierre Wunsch, governador do Banco Nacional da Bélgica, vai mais longe e acredita que a taxa de juro dos depósitos pode mesmo ter de chegar aos 3% para surtir efeito no combate à inflação.

 

Apesar de o BCE ter colocado esta taxa diretora em 0,75%, o governador lembrou que, em termos reais - isto é, ajustada pela inflação -, esta ainda está negativa. "Face ao cenário atual, que é mais ou menos de uma recessão técnica, vamos ter que entrar em terreno positivo", afirmou Pierre Wunsch. Assim, para o governador, a taxa aplicada aos depósitos "pode ter" chegar acima de 2% até ao final do ano.

 

Ainda assim, "não ficaria surpreso se tivéssemos de ir para um nível acima de 3% em algum momento", acrescentou Wunsch durante o encontro anual do FMI e Banco Mundial em Washington, D.C.

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