O presidente do Banco Central Europeu diz que "é responsabilidade do BCE estar alerta para os riscos" associados à evolução dos preços, em particular "o potencial de que uma espiral negativa se enraíze entre baixa inflação, queda das expectativas de inflação e crédito, em particular nos países em dificuldades". Estas declarações foram proferidas durante o Fórum do BCE, que decorre até esta terça-feira, 27 de Maio.

Aí, "as famílias e as empresas podem adiar investimentos num ciclo clássico de deflação". "A subida da taxa de câmbio [do euro] e o seu efeito no preço das matérias-primas transaccionadas globalmente" e o "processo de ajustamento relativo dos preços em alguns países" estão a travar a inflação.

"Movimentos na taxa de câmbio ou ajustamentos de preço não levariam, normalmente, a uma resposta de natureza de política monetária", diz Draghi. "No entanto, em algumas circunstâncias choques temporários podem transformar-se em choques persistentes através de efeitos de segunda ronda", afirmou o presidente do BCE na conferência que decorre estes dias em Sintra. "Um período prolongado de inflação baixa ou mesmo negativa pode desestabilizar as expectativas de inflação".

"E sabemos", diz Draghi, "através da experiência internacional que esta mudança pode ocorrer muito rapidamente". "Se um choque temporário se tornar mais persistente, qualquer resposta da política monetária pode chegar demasiado tarde para evitar uma alteração mais grave das expectativas de inflação".

"Medidas mais preventivas podem ser necessárias", atira Mario Draghi.