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BCE trava a fundo na compra de dívida soberana

Em Agosto as compras de obrigações portuguesas por parte do BCE atingiram o valor mais baixo desde que o programa arrancou. O banco central também abrandou as compras de dívida alemã.

7. Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu
Kai Pfaffenbach/Reuters
05 de Setembro de 2016 às 15:55
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O Banco Central Europeu (BCE) travou a fundo na compra de obrigações, não só de Portugal mas também de outros países europeus, como a Alemanha. As aquisições de títulos de dívida pública nacional totalizaram 722 milhões de euros em Agosto, segundo dados divulgados pelo banco central esta segunda-feira, 5 de Setembro. Foram menos 25% que as compras de 958 milhões de em Julho.

No mês passado o valor das compras de dívida pública portuguesa por parte da entidade liderada por Mario Draghi foi o mais baixo desde o arranque, a Março de 2015, do programa de compras de dívida do sector público. De referir, no entanto, que Agosto tende a ser um mês menos activo nos mercados. No entanto, no mesmo mês de 2015 o BCE tinha comprado 966 milhões de euros em dívida portuguesa.

No total da dívida soberana da Zona Euro, Draghi também travou a fundo nas aquisições. O total comprado no mês anterior foi de 50.513 milhões de euros, menos 27,5% que em Julho. Apesar da quebra, o montante foi superior ao registado em Agosto do ano passado, em que as compras foram de 42.826 milhões de euros.

A dívida alemã foi uma das que registaram as maiores reduções mensais de compras, o que pode indicar que o BCE está perto de atingir os limites do seu programa. As aquisições de obrigações germânicas tiveram uma quebra mensal de 28% em Agosto para 12.368 milhões de euros. Ainda assim, o valor ficou acima do verificado no mesmo mês do ano anterior.

No caso da dívida portuguesa, Cristina Casalinho, presidente do IGCP, explicou em entrevista ao Negócios que "em Portugal e na Irlanda há dois aspectos que levam a níveis de compras, em termos gerais, menores. Por um lado, na dívida directa do Estado, só menos de 50% do total é que são obrigações elegíveis para compras por parte do BCE. Outro aspecto que acresce tem a ver com a carteira das compras do SMP de 2010, que também é considerada para os limites".

E adiantou que "a ideia que temos é que o BCE vai fazer uma estimativa de qual é a capacidade que tem de comprar mensalmente, de maneira a manter o programa até Março de 2017, se entretanto na reunião de 8 de Setembro não alterarem os requisitos do programa".

BCE pode flexibilizar as regras?

A entidade liderada por Mario Draghi tem agendada uma reunião de política monetária para esta quinta-feira e há economistas a prever que o BCE possa anunciar uma extensão do programa de compras, assim como uma flexibilização das regras de forma a conseguir prosseguir com as aquisições.

"É muito provável que o Banco anuncie uma extensão ao seu programa de Quantative Easing (QE) além de Março de 2017", referiu Franck Dixmier, responsável da área de taxa fixa da Allianz Global Investors, numa nota enviada às redacções.

Apesar de no caso da dívida portuguesa o problema ser o de o BCE se estar a aproximar do limite de 30% por linha, noutros países, como o caso da Alemanha, o constrangimento é o montante de dívida que negoceia abaixo de -0,40%, patamar abaixo do qual o banco central não pode fazer compras. Frank Dixmier considera que em conjunto com o anúncio da extensão do programa, poderá ainda haver "alguns anúncios mais técnicos, como a remoção de constrangimentos internos na compra de obrigações com yields abaixo das principais taxas de depósito - de menos de 0,4%".  

cotacao É muito provável que o Banco anuncie uma extensão ao seu programa de Quantative Easing (QE) além de Março de 2017 Franck Dixmier, responsável da área de taxa fixa da Allianz Global Investors

Compras de dívida pública excederam o bilião de euros

 

Apesar do abrandamento do programa em Agosto, o BCE ultrapassou nesse mês a marca do bilião de euros de dívida pública detida, tendo em conta o valor nominal. No caso da dívida portuguesa, o total detido pelo banco central ao abrigo do programa é de 20.818 milhões de euros.

Além das compras de dívida pública, do programa alargado de compra de activos fazem ainda parte as aquisições de dívida titularizada, de obrigações cobertas e, mais recentemente, de obrigações de empresas não-financeiras. Incluindo todas estas componentes do programa, as compras totalizaram 60.498 milhões de euros em Agosto, com o total adquirido desde o início desses programas a atingir 1,23 biliões de euros. 

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