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BCE também equacionou deixar cair possibilidade de reforçar compras de activos
O banco central acabou por temer que duas alterações na linguagem do BCE fossem mal interpretadas.
A reunião do Banco Central Europeu em Tallin, a 8 de Junho, ficou marcada por uma alteração de linguagem que foi entendida como um sinal de que o BCE estaria mais perto de debater a retirada de estímulos do banco central.
No comunicado a anunciar a sua decisão de política monetária, o BCE deixou de admitir que as taxas de juro poderiam ser alvo de uma nova descida. Sabe-se agora que o banco central, nessa reunião de 8 de Junho, discutiu ir um pouco mais longe, admitindo também deixar cair a possibilidade de reforçar o programa de compra de activos.
A revelação é feita nos relatos dessa reunião em Tallin, que o banco central tornou público esta quinta-feira, 6 de Julho. A discussão sobre esta alteração mostra a cautela do BCE com a linguagem que utiliza para comunicar com os mercados, já que o cenário de descida de juros ou reforço do programa de compra de activos está há vários meses descartado.
Na reunião do BCE, os responsáveis do banco reconheceram que as necessidades de reforçar as políticas monetárias não convencionais "diminuíram claramente", pelo que "foi argumentado que a melhoria do ambiente económico" poderia também justificar uma alteração da comunicação no que diz respeito ao programa de compra de activos.
O BCE optou apenas por alterar a linguagem no que diz respeito às taxas de juro. "O Conselho do BCE espera que as taxas de juro directoras do BCE permaneçam nos níveis actuais durante um período alargado e muito para além do horizonte das compras líquidas de activos", referia o comunicado emitido no dia da reunião de Junho. Na reunião de final de Abril, o texto incluía a possibilidade de baixar juros, lendo-se que: "O Conselho do BCE continua a esperar que as taxas de juro directoras do BCE permaneçam nos níveis actuais ou em níveis inferiores (...)".
Quanto à alteração da comunicação também na compra de activos, que ficou pelo caminho, o BCE conclui que "mesmo as pequenas alterações de comunicação podem ser mal interpretadas como sendo um sinal de uma mudança mais fundamental na direcção da política monetária", o que poderia provocar um "não desejado" aperto nas condições financeiras.
Já depois desta reunião de 8 de Junho, o presidente do BCE, Mario Draghi efectuou em Sintra um discurso que foi interpretado como o tiro de partida para o debate sobre a retirada de estímulos na Zona Euro.