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BCE não aumenta carga da bazuca, mas continua com a mão perto do gatilho

O Banco Central Europeu optou por não reforçar para já o seu programa especial de ataque à pandemia, fixado nos 1,35 biliões de euros.

Os mercados esperam que Christine Lagarde anuncie uma descida das taxas de depósitos do BCE.
Neil Hall/EPA
16 de Julho de 2020 às 12:48
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O Banco Central Europeu (BCE) optou por não reforçar o seu Programa de Compra de Emergência Pandémica (PEPP), atualmente fixado nos 1,35 biliões de euros, indo ao encontro daquilo que estava a ser antecipado pelos mercados. Ainda assim, a instituição europeia reforçou a ideia de estar pronto para atuar, assim que necessário, e se necessário. 

Assim, a presidente da instituição, Christine Lagarde, adotou uma postura de vigilância, numa altura em que se vão conhecendo os indicadores económicos que mostram os reais impactos que a atual pandemia provocou nos países do "velho continente", e que a maioria dos países vai desconfinando, de forma gradual. As perspetivas continuam frágeis e Lagarde passa agora a bola à Comissão Europeia, que estará reunida entre amanhã e sábado, para definir o plano de recuperação da região.  

"As compras vão continuar a ser conduzidas de maneira flexível ao longo do tempo, entre as várias classes de ativos. Isto permite que o Conselho 
evite riscos na transmissão suave da política monetária", de acordo com o comunicado enviado, após a reunião. A entidade europeia prevê continuar com a compra de ativos à luz do PEPP até, pelo menos, o final de junho de 2021.

Para além de ter mantido o volume do PEPP inalterado, o banco central 
não mexeu nas taxas de juro diretoras, que se mantêm em mínimos históricos nos -0,5%. E assim deverá continuar. De acordo com o comunicado divulgado, o "conselho do BCE espera que as principais taxas de juros permaneçam nos níveis atuais (...) até que as perspetivas da inflação se situem num nível próximo, mas abaixo de 2%".

Lagarde manteve também a facilidade nas operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas III (na sigla inglesa, TLTRO III), cuja taxa de juro aplicável foi reduzida para -50 pontos. 

"A política monetária tem de continuar a ser de suporte por um longo período de tempo, e os líderes políticos devem agir juntos e avançar com o plano de recuperação após a cimeira destes dias", diz Paul Diggle, economista-chefe da Aberdeen Standard Investments. 


Bazuca ainda com munição
Na última reunião de política monetária de junho, Lagarde tinha anunciado um reforço de 600 milhões de euros do PEPP para os 1,35 biliões de euros, e alargou a duração da sua atuação. Mas de acordo com os cálculos do Negócios, se o banco central continuar a comprar dívida ao ritmo atual, o PEPP vai ficar sem munições até abril de 2021, antes da data prevista pelo banco.

As contas têm por base a média semanal de compras desde que o programa foi lançado, em março. Desde então, o BCE compra 25,5 mil milhões de ativos, em média, tendo a sua carteira atingido os 383,177 mil milhões de euros na semana terminada a 10 de julho, à luz deste programa pandémico. Significa então que ainda há munição de 967 mil milhões de euros para ser usada.

Apesar de, para já, ainda não se desenharem alterações a este plano, um inquérito realizado pela Bloomberg a vários economistas mostrava que seria provável um reforço de 500 milhões de euros até ao final de dezembro.

Em paralelo com o PEPP, o BCE continua com o seu programa base de compra de dívida no ativo (APP), iniciado no reinado de Mario Draghi. À luz deste "asset purchase programme" (APP, na sigla em inglês) o banco compromete-se a continuar a comprar 20 mil milhões de euros em ativos, de forma mensal. 


Mesmo com uma redução na velocidade de compras de dívida aos países europeus, o BCE acelerou as compras de dívida corporativa. Na semana passada adquiriu 3,3 mil milhões de euros em dívida de empresas, o que representa um máximo histórico no programa de compras criado em julho de 2016. Nas próximas semanas é expectável um agrandamento, uma vez que entre o período entre o final de julho e agosto é tipicamente mais escasso em emissões de dívida de empresas. 

Juros da região estáveis a aguardar conferência de Lagarde
Depois de ter sido formalizada a decisão do BCE, os juros da Zona Euro sofreram ligeiras alterações, com destaque para a taxa de referência de Itália. 

Os juros transalpinos a dez anos reverteram e seguem agora a subir 0,1 pontos base para os 1,198%, devido à inação - apesar de esperada - por parte do banco central. Contudo, no resto da Zona Euro, a generalidade dos países continua a ver os seus juros da dívida cair. 

Assim é com Portugal, cuja taxa cai 0,9 pontos base para os 0,410%, e também com Espanha, onde os juros perdem 1,3 pontos base para os 0,701%. Na Alemanha, a referência para o bloco, a taxa a dez anos encolhe 1,5 pontos base para os -0,463%. 



 

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