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BCE avisa que incerteza económica gera "vulnerabilidades" elevadas na Zona Euro

A autoridade monetária publicou o seu relatório semestral sobre a estabilidade financeira, em que concluiu que as perspetivas são nebulosas e que, apesar de os mercados financeiros "terem mostrado resiliência" face a breves picos de volatilidade, "não há espaço para complacência".

Conselho do BCE volta a reunir-se no dia 17 de outubro para decidir sobre novo corte de juros.
Jim Lo Scalzo/Epa
20 de Novembro de 2024 às 13:40
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O Banco Central Europeu (BCE) assinalou esta quarta-feira que as vulnerabilidades da estabilidade financeira continuam elevadas, face a um ambiente volátil de incerteza económica, geopolítica e comercial.

"A par da incerteza geopolítica e política, as tensões comerciais globais estão a aumentar, elevando o risco de eventos imprevisíveis", afirmou o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, numa nota divulgada na instituição europeia, em que acrescenta que os mercados financeiros "registaram uma ressurgência da volatilidade, apresentando notórios picos desde a última edição do Relatório de Estabilidade Financeira".

O BCE publicou esta quarta-feira o seu relatório semestral sobre a estabilidade financeira, em que concluiu que as perspetivas são nebulosas e que, apesar de os mercados financeiros "terem mostrado resiliência" face a breves picos de volatilidade, "não há espaço para complacência". O documento refere que o principal foco da preocupação da Zona Euro passou da inflação para o receio de um crescimento mais brando da economia.

O BCE identificou três fatores de risco para a estabilidade financeira na Zona Euro.

O primeiro fator passa pela suscetibilidade dos mercados a dinâmicas adversas no contexto de elevadas avaliações bolsistas e a concentração de alto risco, enquanto o segundo se debruça sobre o aumento das incertezas geopolíticas e de políticas, a fragilidade das regras orçamentais e da sustentabilidade das dívidas soberanas.

Por fim, o risco de crédito para famílias e empresas da área da moeda única poderá enfraquecer a qualidade dos ativos dos bancos e das instituições financeiras, caso o crescimento do produto interno bruto (PIB) fique abaixo do esperado.

O BCE assinalou ainda que os custos dos empréstimos e as fracas perspetivas de crescimento entre as empresas pesam nos seus resultados, que continuam a retrair.

Para o mercado da habitação, as perspetivas são mistas. Enquanto os preços da habitação deverão estabilizar, o setor imobiliário comercial poderá enfrentar uma pressão contínua. Já as famílias beneficiam de um mercado de trabalho forte e do aumento da poupança.

Neste campo, o BCE regista que o mercado imobiliário está "num mínimo desde a crise financeira global" e que "qualquer regresso aos níveis de atividade normais vai, provavelmente, levar a uma nova descida dos preços".

A instituição europeia recomendou às autoridades para manterem os atuais requisitos de capital "com medidas apoiadas nos mutuários, para servir de apoio estrutural e garantir padrões de empréstimo sólidos em todas as fases do ciclo financeiro".

De igual forma, o BCE apelou para um conjunto abrangente de medidas para aumentar a resiliência do setor dos intermediários financeiros não bancários, de modo a alcançar uma maior integração nos mercados de capitais.
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