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BCE antecipa crescimento de 4% na Zona Euro este ano
O Banco Central Europeu manteve esta quinta-feira as projeções de crescimento para a Zona Euro quase inalteradas. A inflação foi revista em alta, mas por motivos "temporários", disse Lagarde.
Segundo revelou a presidente do BCE, em conferência de imprensa depois da reunião de política monetária que decorreu esta manhã, a projeção para 2022 antevê uma subida de 4,1% do PIB dos países da moeda única e de apenas 2,1% em 2023. Em dezembro do ano passado, os peritos do BCE tinham apontado o crescimento deste ano para 3,9% e o de 2022 para 4,2%. A projeção para 2023 ficou inalterada.
Lagarde iniciou o seu discurso a alertar para a incerteza que a recuperação económica comporta, devido às restrições e a possíveis atrasos nas campanhas de vacinação em toda a Zona Euro. No campo da inflação, a líder disse que os preços da energia deram um impulso a este indicador nos meses recentes, mas a pressão dos preços continua dominada.
A presidente do BCE assumiu, no entanto, que se os juros continuarem a subir de forma robusta e persistente poderá levar a um abrandamento da bazuca monetária desenhada pelo banco, o que poderia afetar a recuperação económica. E foi esta a principal razão para que o BCE anunciasse uma subida "significativa" do ritmo de compras semanais.
"Se uma subida dos juros e da inflação significativa e persistente for deixada sem abordagem, isso pode resultar num aperto das condições de financiamento. Isto é indesejado", frisou a presidente do BCE.
Na conferência, Lagarde avisou que o nível de compras que vier a ser revelado na próxima segunda-feira ainda não vai mostrar o aumento do ritmo de compras. Mas garantiu que a partir de hoje, deste anúncio, estão a ser implementadas medidas para que o aumento das compras venha a tornar-se evidente.
"Inflação pode tocar 2%, mas vamos ver para lá disso"
Sobre a inflação, Christine Lagarde explicou com algum detalhe como é que o BCE está a ver os aumentos recentes. "É possível que no no final de 2021 a inflação toque os 2%", assumiu a presidente do BCE. "Mas nós vamos ver para além disso, porque a inflação sobe por razões técnicas e temporárias", assegurou.
A presidente do BCE enumerou os motivos da atual subida: as alterações no IVA na Alemanha, a mudança do cabaz de compras de referência para a inflação, introduzida pelo Eurostat, para refletir as alterações de comportamento dos consumidores por causa da pandemia, e a subida dos preços dos combustíveis.
Depois, explicou qual é o horizonte de médio prazo e o que é que os movimentos da inflação sugerem. "Vamos olhar para o outlook de médio prazo e aí vemos inflação diminuída. Porquê? Por que a procura é ainda fraca, porque há 'slack' na economia, que é grande e com impacto, porque a pressão ascendente nos salários é limitada e devido ao impacto da apreciação do euro", explicou. "No terceiro ano [do horizonte de projeção] estamos em 1,4%, que é longe do caminho pré-pandemia e do objetivo de ficar abaixo mas perto de 2%", reforçou.
BCE defende revisão das regras do PEC
Mesmo no final da conferência, Christine Lagarde disse ainda ter considerado uma boa decisão da Comissão Europeia propor a manutenção da válvula de escape das regras do défice e da dívida ainda ativa, enquanto o PIB da zona euro não regressar aos níveis pré-pandemia. "Foi a decisão correta", afirmou a presidente do BCE notando que não tem poderes de decisão nesta matéria mas que foi consultada.
Depois, defendeu a importância de rever as regras orçamentais comunitárias. "Esperamos que quando [a válvula de escape] for desativada as regras tenham sido revisitadas e melhoradas para serem mais simples, mais focadas na produtividade, no investimento, com disciplina orçamental implícita, claro", disse Lagarde. "Mas com novos critérios. Os atuais foram decididos nos anos 90 e a situação mudou desde então", explicou.
(Notícia atualizada às 14:37 com mais informação)