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BCE antecipa crescimento de 4% na Zona Euro este ano

O Banco Central Europeu manteve esta quinta-feira as projeções de crescimento para a Zona Euro quase inalteradas. A inflação foi revista em alta, mas por motivos "temporários", disse Lagarde.

Christine Lagarde, Presidente do BCE
Olivier Matthys/Reuters
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A equipa de peritos do Banco Central Europeu deixou esta quinta-feira as projeções de crescimento para a Zona Euro praticamente inalteradas, em 4%, em 2021. O número representa a subida de apenas uma décima face às previsões que tinham sido apresentadas em dezembro. Já na inflação houve uma revisão em alta, mas por razões temporárias, explicou Christine Lagarde.

Segundo revelou a presidente do BCE, em conferência de imprensa depois da reunião de política monetária que decorreu esta manhã, a projeção para 2022 antevê uma subida de 4,1% do PIB dos países da moeda única e de apenas 2,1% em 2023. Em dezembro do ano passado, os peritos do BCE tinham apontado o crescimento deste ano para 3,9% e o de 2022 para 4,2%. A projeção para 2023 ficou inalterada.

Já no que diz respeito à inflação, houve uma revisão em alta da expectativa para este ano, mas por "motivos temporários", explicou Christine Lagarde. A previsão para o índice de preços harmonizado (IHPC), o que interessa ao BCE, foi revista em alta para este ano para 1,5%, contra os 1% antecipados na reunião de dezembro. Para 2022, este indicado deverá situar-se nos 1,2%, uma revisão em alta face aos 1,1% anteriores e para 2023 a previsão manteve-se inalterada nos 1,4%. O relatório com a avaliação em detalhe da situação económica será publicado dentro de instantes.

Lagarde iniciou o seu discurso a alertar para a incerteza que a recuperação económica comporta, devido às restrições e a possíveis atrasos nas campanhas de vacinação em toda a Zona Euro. No campo da inflação, a líder disse que os preços da energia deram um impulso a este indicador nos meses recentes, mas a pressão dos preços continua dominada.

A presidente do BCE assumiu, no entanto, que se os juros continuarem a subir de forma robusta e persistente poderá levar a um abrandamento da bazuca monetária desenhada pelo banco, o que poderia afetar a recuperação económica. E foi esta a principal razão para que o BCE anunciasse uma subida "significativa" do ritmo de compras semanais.

"Se uma subida dos juros e da inflação significativa e persistente for deixada sem abordagem, isso pode resultar num aperto das condições de financiamento. Isto é indesejado", frisou a presidente do BCE. 

Na conferência, Lagarde avisou que o nível de compras que vier a ser revelado na próxima segunda-feira ainda não vai mostrar o aumento do ritmo de compras. Mas garantiu que a partir de hoje, deste anúncio, estão a ser implementadas medidas para que o aumento das compras venha a tornar-se evidente. 

"Inflação pode tocar 2%, mas vamos ver para lá disso"

Sobre a inflação, Christine Lagarde explicou com algum detalhe como é que o BCE está a ver os aumentos recentes. "É possível que no no final de 2021 a inflação toque os 2%", assumiu a presidente do BCE. "Mas nós vamos ver para além disso, porque a inflação sobe por razões técnicas e temporárias", assegurou.

A presidente do BCE enumerou os motivos da atual subida: as alterações no IVA na Alemanha, a mudança do cabaz de compras de referência para a inflação, introduzida pelo Eurostat, para refletir as alterações de comportamento dos consumidores por causa da pandemia, e a subida dos preços dos combustíveis.

Depois, explicou qual é o horizonte de médio prazo e o que é que os movimentos da inflação sugerem. "Vamos olhar para o outlook de médio prazo e aí vemos inflação diminuída. Porquê? Por que a procura é ainda fraca, porque há 'slack' na economia, que é grande e com impacto, porque a pressão ascendente nos salários é limitada e devido ao impacto da apreciação do euro", explicou. "No terceiro ano [do horizonte de projeção] estamos em 1,4%, que é longe do caminho pré-pandemia e do objetivo de ficar abaixo mas perto de 2%", reforçou. 

BCE defende revisão das regras do PEC

Mesmo no final da conferência, Christine Lagarde disse ainda ter considerado uma boa decisão da Comissão Europeia propor a manutenção da válvula de escape das regras do défice e da dívida ainda ativa, enquanto o PIB da zona euro não regressar aos níveis pré-pandemia. "Foi a decisão correta", afirmou a presidente do BCE notando que não tem poderes de decisão nesta matéria mas que foi consultada.

Depois, defendeu a importância de rever as regras orçamentais comunitárias. "Esperamos que quando [a válvula de escape] for desativada as regras tenham sido revisitadas e melhoradas para serem mais simples, mais focadas na produtividade, no investimento, com disciplina orçamental implícita, claro", disse Lagarde. "Mas com novos critérios. Os atuais foram decididos nos anos 90 e a situação mudou desde então", explicou.


(Notícia atualizada às 14:37 com mais informação)
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