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Banco do Japão sobe taxa diretora e reduz compra de dívida. Iene e juros da dívida disparam

Depois de 17 anos sem aumentar os juros diretores, a autoridade monetária nipónica elevou a taxa pela segunda vez este ano.

A política de controlo da curva de rendibilidade levada a cabo pelo Banco do Japão (BoJ) depende de taxas de juro globais suaves e de “yields” baixas – e em 2018 isso não irá funcionar. À medida que a inflação for subindo, as rendibilidades também dispararão e o resultado será um grande mergulho do iene. Em última análise, o banco central nipónico terá de recorrer a medidas de flexibilização quantitativa, mas não sem antes a nota verde escalar face à divisa japonesa, com o dólar a chegar a valer 150 ienes antes de desvalorizar rapidamente para 100 ienes.
reuters
31 de Julho de 2024 às 13:54
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O Banco do Japão (BoJ) continua a dar mostras de que está a abandonar a via das medidas de flexibilização da política monetária. Depois de 17 anos a manter uma política acomodatícia, sem subir nos juros (que estavam nos -0,1% desde 2016)) e preferindo intervir no mercado cambial e fixar o intervalo de variação das "yields" da dívida soberana a 10 anos, começou agora a mudar de agulha.

 

Após ter subido os juros em março, pela primeira vez em 17 anos (quando pôs termo a uma política monetária de taxas de juro negativas), colocando-os no intervalo entre 0% e 0,1%, o BoJ elevou agora a taxa para 0,25%.

 

Além disso, decidiu reduzir gradualmente as compras mensais de obrigações soberanas de longo prazo. A autoridade monetária anunciou que diminuirá faseadamente esse volume de compras, para cerca de três biliões de ienes (cerca de 18 mil milhões de euros) até ao primeiro trimestre de 2026. O banco central tem estado a adquirir dívida no equivalente a cerca de 6 biliões de ienes (36 mil milhões de euros) todos os meses.

 

O iene reagiu em alta, a disparar para máximos de março face ao dólar. Já as obrigações soberanas japonesas recuaram, com a "yield" a dois anos a atingir o valor mais alto dos últimos 15 anos.

 

O banco central nipónico tem um novo governador desde abril do ano passado – Kazuo Ueda – e que, como se esperava, já começou a mudar o posicionamento do BoJ. Em dezembro de 2022, o BoJ tinha já surpreendido os mercados, ao fazer mudanças na política de controlo da curva das "yields". Com a inflação no país a exceder a meta do banco central de 2%, os investidores começaram a vender as obrigações que detinham, a apostar num recuo dos mega-estímulos monetários. Mas o Banco do Japão reagiu - não com uma subida das taxas de juro, mas com um reforço da compra de dívida para conseguir manter os limites à "yield" das obrigações a 10 anos.

O intervalo admissível de flutuação das taxas de juro de longo prazo dessas obrigações, que se situava em 0,25%, foi alargado para 0,5%, tendo também reflexo nas taxas de juro aplicáveis aos empréstimos a particulares e ao setor privado.

 

Entretanto, começou crescer a especulação de que o BoJ iria ajustar o controlo da curva das "yields", permitindo que as rendibilidades da dívida de longo prazo possam superar o limite de 0,5% até determinado patamar. E Ueda disse precisamente isso nesta quarta-feira. Questionado sobre se o banco poderá elevar esse limite, afirmou que sim.

 

Com o banco central japonês a passar a aceitar "yields" mais elevadas para as suas obrigações soberanas, os mercados rapidamente viram essa decisão como o início de um ciclo de aperto monetário – algo que já se esperava com o novo governador, que se considera ter uma postura mais "hawkish". E agora Ueda mostrou que vai prosseguir com a política de normalização monetária após anos de uma política ultra-acomodatícia.

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