Notícia
"Ainda é muito cedo para avaliar o impacto do conflito na Ucrânia", avisa membro do conselho do BCE
O membro do conselho do BCE Gabriel Makhlouf apelou a maior flexibilidade, perante a evolução do conflito na Ucrânia, Já o economista-chefe do banco central, Philip Lane, alerta que "o programa de compra de ativos pode acabar em breve".
A crise na Ucrânia pode fazer o Banco Central Europeu (BCE) mudar de ideias sobre o fim do programa de compra de ativos, durante a reunião agendada para março, afirmou o membro do Conselho do banco central Gabriel Makhlouf, numa entrevista citada pela Bloomberg, publicada hoje, ainda que tenha sido realizada antes da invasão russa.
"É muito cedo para estimar o impacto do conflito na economia", sublinhou Makhlouf. O governador lembrou ainda que "a zona euro está a recuperar da pandemia com o consumo a aumentar e com o mercado de trabalho num estado de saúde muito mais positivo".
"É perfeitamente possível que em março possamos tomar decisões sobre o que acontecerá ao programa de compra de ativos", defendeu o membro do Conselho do BCE. "Pessoalmente, não acho que possa dizer-lhe o que vai acontecer com as taxas de juros e quando. Eu preferiria ter mais opções à medida que avançamos", frisou o governador.
Makhlouf expressou ainda cautela quando se trata de aumentar a taxa de depósito do BCE, que está num mínimo recorde de -0,5% desde 2019. "As pessoas que pensam que vamos aumentar as taxas em breve estão a pensar num calendário completamente diferente daquele que temos", afirmou o governador, reiterando a intenção do BCE de terminar a compra de ativos antes de decidir sobre as taxas de juro.
A sugestão de maior flexibilidade está em linha com proposta do homólogo francês François Villeroy de Galhau, e contra a ala "falcão" da instituição, da qual se destacam os governadores letão, Martinš Kazaks, o alemão Joachim Nagel e o holandès Klaas Knot e a membro do conselho executivo do BCE Isabel Schnabel.
Para o também economista, uma das principais razões para sua hesitação em discutir o aumento dos custos dos empréstimos são questões sobre quão "duradouras" serão as pressões inflacionistas. "Suspeito que a imagem do poder de compra não ficará mais clara até o final do ano", explicou Makhlouf. "Certamente, se chegarmos à previsão de junho e setembro e esta trajetória sem mantiver, o caminho para a normalização irá tornar-se cada vez mais claro", acrescentou o governador.
Makhlouf, que é cidadão britânico e o único chefe do banco central da área do euro com nacionalidade diferente da instituição que representa (é governador do Banco da Irlanda), também não descartou a ideia de que o BCE pode criar um novo programa de compra de ativos.
"Podemos criar novas ferramentas. Os 'reinvestimentos' em ativos podem ajudar a compensar possíveis tensões", acrescentou o governador.
Estas declarações de Makhlouf surgem na mesma altura em que o economista-chefe do BCE, Philip Lane, avisou em entrevista à imprensa alemã que "o programa de compra de ativos pode terminar em breve", apontando já para o final deste ano ou para o início de 2023.
"Os dados sugerem claramente que podemos estar a aproximarmo-nos da nossa meta a médio prazo (inflação em linha e abaixo dos 2%", disse Lane ao Frankfurter Allgemeine Zeitung.
Em janeiro, a inflação na zona euro tocou nos 5,1%. O BCE prevê que esta percentagem caia abaixo de 2% em 2023 e 2024.
"É muito cedo para estimar o impacto do conflito na economia", sublinhou Makhlouf. O governador lembrou ainda que "a zona euro está a recuperar da pandemia com o consumo a aumentar e com o mercado de trabalho num estado de saúde muito mais positivo".
Makhlouf expressou ainda cautela quando se trata de aumentar a taxa de depósito do BCE, que está num mínimo recorde de -0,5% desde 2019. "As pessoas que pensam que vamos aumentar as taxas em breve estão a pensar num calendário completamente diferente daquele que temos", afirmou o governador, reiterando a intenção do BCE de terminar a compra de ativos antes de decidir sobre as taxas de juro.
A sugestão de maior flexibilidade está em linha com proposta do homólogo francês François Villeroy de Galhau, e contra a ala "falcão" da instituição, da qual se destacam os governadores letão, Martinš Kazaks, o alemão Joachim Nagel e o holandès Klaas Knot e a membro do conselho executivo do BCE Isabel Schnabel.
Para o também economista, uma das principais razões para sua hesitação em discutir o aumento dos custos dos empréstimos são questões sobre quão "duradouras" serão as pressões inflacionistas. "Suspeito que a imagem do poder de compra não ficará mais clara até o final do ano", explicou Makhlouf. "Certamente, se chegarmos à previsão de junho e setembro e esta trajetória sem mantiver, o caminho para a normalização irá tornar-se cada vez mais claro", acrescentou o governador.
Makhlouf, que é cidadão britânico e o único chefe do banco central da área do euro com nacionalidade diferente da instituição que representa (é governador do Banco da Irlanda), também não descartou a ideia de que o BCE pode criar um novo programa de compra de ativos.
"Podemos criar novas ferramentas. Os 'reinvestimentos' em ativos podem ajudar a compensar possíveis tensões", acrescentou o governador.
Estas declarações de Makhlouf surgem na mesma altura em que o economista-chefe do BCE, Philip Lane, avisou em entrevista à imprensa alemã que "o programa de compra de ativos pode terminar em breve", apontando já para o final deste ano ou para o início de 2023.
"Os dados sugerem claramente que podemos estar a aproximarmo-nos da nossa meta a médio prazo (inflação em linha e abaixo dos 2%", disse Lane ao Frankfurter Allgemeine Zeitung.
Em janeiro, a inflação na zona euro tocou nos 5,1%. O BCE prevê que esta percentagem caia abaixo de 2% em 2023 e 2024.