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Where are you? Fotógrafo procura ocupantes de barcaça que esteve 17 horas à deriva

Massimo Sestini é um reconhecido fotógrafo que, na edição de 2015 da World Press Photo, obteve o segundo prémio na categoria Notícias Generalistas com a imagem dos ocupantes de uma barcaça que andou 17 horas à deriva ao largo da Líbia. Agora está à procura deles.

Miguel Baltazar/Negócios
10 de Setembro de 2016 às 12:00
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Em Junho de 2014, o fotógrafo italiano Massimo Sestini estava a trabalhar a bordo da fragata Bergamino, acompanhando a operação de resgate Mare Nostrum – organizada pelo governo italiano e que visava salvar os migrantes em apuros na costa da Líbia, que tentavam atravessar o Mar Mediterrâneo.

 

No dia 7, um helicóptero avistou uma barcaça repleta de pessoas. Andavam à deriva há 17 horas. Foram salvas através desta operação e a câmara de Sestini estava a postos. O fotógrafo captou um momento muito especial de alívio e esperança, como conta no website do seu projecto ‘Where are you?’.

 

A imagem ganhou o segundo prémio na categoria Notícias Generalistas do World Press Photo e foi eleita pela Time como uma das 10 melhores fotografias de 2014.

 

Sestini quis mais. Quis saber mais sobre estas pessoas. Quem são, o que fazem, onde estão agora, de que forma mudaram as suas vidas com a entrada na Europa. Depois de um pessoa na Suíça ter informado Sestini que tinha reconhecido um familiar seu na fotografia, Sestini criou o projecto "Where are you?", em Outubro do ano passado, na esperança de mais ocupantes daquela barcaça se reconhecerem e o contactarem.

 

No website deste projecto é possível, passando com o rato por cima das fotos, ver os rostos ao pormenor. E já há mais pessoas identificadas. A ideia é preparar um documentário que pretende "resgatar" o antes e o depois da vida destes migrantes em solo europeu.

 

Ed, de 25 anos, natural da Gâmbia, é um dos homens que estava naquela embarcação e que, na foto, surge entre as pernas de outro dos tripulantes, numa das escotilhas. "A iniciativa de Ed de nos contactar, depois de ouvir falar, numa entrevista da BBC, sobre a exposição das fotos, deu-nos a possibilidade de voltarmos a ver-nos e de o fotografar um ano depois, além de conhecer a sua história", explicou Sestini à Time, citado pelo El País.

 

"Ed contou-nos que fazia muito calor na parte de baixo da embarcação e que todos queriam subir. O problema era conseguir que a barcaça aguentasse. Se todos subissem à parte superior da embarcação, esta poderia afundar-se", contou ao El País a editora do projecto, Livia Corbò, que está encarregada de localizar os migrantes e preparar as suas entrevistas.

 

Mais migrantes já se reconheceram e procederam ao contacto. Sestini espera poder reencontrar pelo menos a grande maioria. Segundo Corbò, os que foram encontrados até agora são na sua maioria homens, com idades compreendidas entre os 18 e os 40 anos, provenientes de países como a Gâmbia, Serra Leoa e Camarões. "Quase todos partilham uma história comum: vivem no sul de Itália, trabalham no campo mas de forma clandestina, na apanha de fruta, e esperam pelos papéis que os legalizarão", acrescentou a editora de "Where are you?".

 

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) cifrou em 3.419 o número de vidas perdidas em 2014, entre aqueles que tentaram atravessar o Mediterrâneo. 

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