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UE insta Irão a abandonar enriquecimento de urânio
A União Europeia (UE) instou hoje o Irão a reverter todas as medidas não conformes com o acordo nuclear, nomeadamente o enriquecimento de urânio a um nível superior ao estabelecido no pacto firmado em 2015.
"Instámos o Irão a não avançar com medidas adicionais que comprometam o acordo nuclear e agora exortamos o Irão a parar e a reverter todas as medidas incompatíveis com o acordo nuclear, incluindo a produção e o enriquecimento de urânio acima dos limites estabelecidos no tratado", declarou a porta-voz para as relações externas da União Europeia (UE).
Maja Kocijancic, que falava na habitual conferência de imprensa da Comissão Europeia em Bruxelas, reconheceu que o bloco comunitário está "extremamente" apreensivo com os anúncios feitos por Teerão durante o fim de semana.
"Neste contexto, aguardamos informação da Agência Internacional de Energia Atómica, o único organismo imparcial responsável por monitorizar a implementação dos compromissos nucleares assumidos pelo Irão", precisou, indicando que a UE está "em contacto" com os outros participantes no Plano de Ação Conjunto Global, no sentido de definir quais os próximos passos a seguir.
O Irão confirmou no domingo que vai começar a enriquecer urânio a um nível superior ao limite de 3,67% (cifra relativa ao conteúdo do isótopo de urânio 235) estabelecido pelo acordo internacional sobre o seu programa nuclear, em retaliação à retirada unilateral de Washington do acordo em maio de 2018 e às sanções norte-americanas que se seguiram.
O acordo de 2015, assinado pelo Irão e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China), mais a Alemanha, previa o levantamento de sanções internacionais à República Islâmica.
Teerão, pelo seu lado, comprometeu-se a reduzir as suas capacidades nucleares durante vários anos, aceitando maior vigilância do programa nuclear, de modo a tornar virtualmente impossível o fabrico de uma arma atómica, pretensão que sempre negou, mantendo uma indústria nuclear civil.
Contudo, em maio de 2018, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a saída do país do acordo nuclear e voltou a impor ao Irão uma série de sanções que penalizam, em particular, o setor petrolífero, crucial para os iranianos.
O regime iraniano justificou o incumprimento de alguns dos seus compromissos com o argumento de que os europeus não tornaram efetivos os seus, com os quais Teerão esperava contornar as sanções impostas pelos Estados Unidos.
O Irão reclama dos outros signatários do acordo nuclear, sobretudo dos países europeus, que o ajudem a continuar a vender o seu petróleo e a fazer trocas comerciais com o estrangeiro.
O Reino Unido, a Alemanha e a França já apelaram ao Irão para que recue na sua decisão relativa ao enriquecimento de urânio a uma taxa proibida no acordo nuclear assinado em Viena, Áustria.
Através de comunicados individuais, Londres e Berlim exortaram Teerão a ponderar a decisão e Paris demonstrou mesmo "grande inquietação", pedindo ao Irão para cessar toda a atividade que "não está conforme" o tratado.
Hoje, Teerão alertou a Europa sobre a escalada da tensão provocada pelas posições que exigem ao Irão reduções no programa nuclear, com o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Moussavi, a admitir que aquele país pode abandonar o acordo de Viena e sair do Tratado de Não Proliferação Nuclear.
"Todas as opções, e essas também, são possíveis no futuro, mas nenhuma decisão foi tomada", respondeu o porta-voz da diplomacia iraniana.